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Edição 51

A inocência do ladrão

Nada aconteceu. Foi uma ilusão de ótica decorrente da vara errada, do tribunal errado, da galáxia errada. A condenação de Lula foi coisa do outro mundo

Guilherme Fiuza

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Fachin acordou invocado e inocentou o Lula. É assim mesmo que a Justiça tem que ser: rápida, decidida e leal aos seus padrinhos. Justiça boa é justiça amiga. A decisão histórica do ministro do STF livrou o Brasil de uma névoa de incertezas com as quais os brasileiros não suportavam mais conviver. A principal delas era a mais óbvia: por que o maior ladrão do país, condenado a mais de 20 anos de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, estava à solta sem pagar pelos seus crimes?

Fachin resolveu essa angústia nacional: o ladrão é inocente. Fim de papo. Ladrão inocente é ladrão solto. Desenvolto. Desimpedido. Desembargado para exercer em paz sua delinquência benévola, sua rapinagem testada e aprovada em altos círculos intelectuais. A burguesia rica que ama seu picareta de estimação, seu revolucionário 171, seu bibelô da falsa preocupação social está aliviada. Ela poderá voltar a fantasiar seu egoísmo de solidariedade só com as duas palavrinhas empáticas — Lula livre. Não precisa nem gastar dinheiro com costureira. É o carnaval mais barato da Terra.

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