Carlos Henrique Provetta é médico. Quando apareceu uma epidemia ele tranquilizou a todos: deixem esse vírus comigo. Como vamos enfrentá-lo? — quiseram saber os curiosos. Provetta não piscou: no gogó. Alguns inocentes não entenderam a resposta, mas o médico teve paciência para explicar cientificamente o seu brado: quem se garante enfrenta epidemia no gogó. Eu fiz o Juramento de Hipócrita.
Fim de papo. Todos sabiam que um juramento desses torna qualquer um invencível — o que vem a ser a principal qualidade do herói. E um herói atrai imediatamente as câmeras de TV — principalmente depois de afirmar que vai salvar o seu povo no gogó. Luz, câmera, falação. Lá se foi o Doutor Provetta matraquear pelos cotovelos, ao vivo, quase 24 horas no ar. Um show. Ninguém tirava o olho do herói — qualquer distração poderia ser fatal. Vai que você perde alguma palavra-chave e fica indefeso diante do perigo?
Ele falou de tudo. Disse que a culpa era dos ricos e a favela ia se ferrar. Mas ele, Doutor Provetta, não hesitaria em ter uma conversa civilizada com os assassinos que mandam nos morros — porque traficante também é ser humano e os facínoras haveriam de ter sensibilidade social e sanitária. Foi praticamente uma aula de sociologia, como se diz no botequim. Com todo o respeito ao botequim.
Tudo isso de graça. Só um missionário altruísta, um Robin Hood da ciência, compartilharia tanto saber sem cobrar nada de ninguém. Transbordante de empatia e comiseração, o médico revolucionário disse a todos que se isolassem uns dos outros — nada de aproximações inconsequentes que pusessem vidas em risco. Foi então visto num ambiente fechado e aglomerado, sem máscara, abraçando seus áulicos e cantando sorridente: viver e não ter vergonha de ser feliz — ou viver e ser feliz de não ter vergonha (há controvérsias sobre o refrão entoado).
Só uma meia dúzia de inocentes (sempre os mesmos) quis saber se a muvuca do Provetta não contrariava suas diretrizes de isolamento. É uma gente obtusa e azeda, que não suporta a felicidade alheia. Dessa vez o médico revolucionário nem perdeu seu tempo explicando o óbvio: quem faz o Juramento de Hipócrita tem a obrigação de se aglomerar por trás do distanciamento social. O escândalo seria jurar hipocrisia e não praticá-la.
Esses céticos niilistas jamais compreenderão o poder sagrado do juramento para um homem de fé.
Foi assim que o Doutor Provetta mandou todo mundo ficar em casa em nome da vida e foi jogar sinuca no boteco em nome da ciência. Sem máscara, que ninguém é de ferro — e o povo precisa reconhecer a fisionomia do seu herói para se sentir seguro. Então lá estava ele, de cara limpa, mostrando que o verdadeiro médico confia no seu taco quando vê alguém pela bola sete. Viver e não ter vergonha de ser feliz, cantar e ser feliz de não ter vergonha. O juramento do hipócrita nunca tinha sido cumprido com tal abnegação.
E você, que talvez nem mereça, recebeu mais uma lição de graça: o boteco não é só o lugar da sociologia. É também o lugar da ética.
O que deixou o povo um pouco confuso foi a reaparição do Doutor Carlos Henrique Provetta de máscara. OK, agora ele não estava no botequim, mas estava no circo — e aí já começou uma polêmica sobre as supostas diferenças científicas entre circos e botequins, porque todos sabem que palhaços e bêbados são iguais perante a lei e ninguém toleraria diferenças de protocolo sanitário entre essas duas instituições milenares. Mas logo tudo se esclareceu.
Provetta estava de máscara porque se encontrava diante de Renan Calheiros — e mesmo um herói invencível tem seu momento de autocontenção.
A máscara ali não era um sinal preocupante de que o médico salvador pudesse estar começando a sofrer de vergonha na cara. Era só um sinal de reverência a um ídolo — porque quem fez o Juramento de Hipócrita sabe reconhecer um superior juramentado. Enfim, foi um momento bonito na história da medicina. Solta o som, DJ: viveeeer e não ter vergonha… etc.
Com o devido crédito para a Revista Oeste, esse texto deveria vazar para todas as mídias decentes do país. Parabéns Guilherme Fiuza!
Fiuza sempre perspicaz e certeiro. Revista Oeste é show!
Ótimo texto. Parabéns Fiuza.
Fiuza, você se superou. Eu não sei se choro ou dou risada com sua crônica, mas, aos poucos esta revista vai conseguindo fazer um coisa que poucos no jornalismo brasileiro tinha coragem de fazer, desmarcar a hipocrisia da “Grande Mídia Nacional”, que de grande não tem nada.
O verdadeiro doutor mutretta.
Genial. Que texto!
Santos*
Fiúza, Rui Barbosa já pode descansar em paz, pois tem pra quem passar a coroa de genialidade intelectual, a coroa é sua Fiúza! Você é gênio. Parabéns pelo seu trabalho, saiba que vc está colaborando muito para tornar o Brasil sério e próspero, por meio da sua verdade intelectual perfeita. Deus te abençoe e proteja de todo o mal.
Que texto brilhante. Que criatividade. Que ironia bem feita. Parabéns.
EXCELENTE FIÚZA, COMPLEMENTANDO SEU ARTIGO.’ VERGONHA DA MEDICINA , DEVERIA SER PROCESSADO PELO CONSELHO FEDERAL.
E lá vai Fiúza! Gol de LETRA!!!!!
Fiuza sendo Fiuza. Excelente. Sempre direto ao ponto. Por isso cada centavo investido na Revista Oeste valeu e vale a pena. Parabéns.
Excelente Fiúza. Parabéns.
Meu sonho era ler os textos do Fiuza no Fantástico, ou no Jornal Nacional.
O Fiuza não mereceria um escárnio desses. Seria castigo demais imaginá-lo na globolixo.
Texto irretocável. Parabéns, Fiuza. Você me representou, nesse artigo.
O final é impagável: “A máscara ali não era um sinal preocupante de que o médico salvador pudesse estar começando a sofrer de vergonha na cara. Era só um sinal de reverência a um ídolo — porque quem fez o Juramento de Hipócrita sabe reconhecer um superior juramentado. Enfim, foi um momento bonito na história da medicina. Solta o som, DJ: viveeeer e não ter vergonha… etc.” kkkkkkkkkk
Perfeita ironia, texto primoroso. Como falou o Moacir Lima, sacadas perfeitas.
E bem de acordo com a realidade.
Parabéns, grande Fiuza! São essas criações cênicas do texto que nos fazem suportar, ainda, a tragicômica CPI da Covid, no Senado Federal. Afinal, como o cidadão comum não tem como determinar para depois assistir encontros políticos sérios, daqueles que discutem pautas relevantes para tocar a resolução dos problemas relacionados ao desenvolvimento do País, nada melhor que um pouco – ou muito – de humor para maneirar.
Antes se dizia “deu na moleira”.
Fiuza, vc é –da. Essa do juramento do hipócrita é muito boa mesmo! De onde vc tira estas sacadas? Hipócrates deve estar se revirando no túmulo, de ódio dos hipócritas. Haja hipócrita!
O bom jornalista é aquele que se supera e nos surpreende. Parabéns Fiuza.
Acho melhor Carlos Henrique Mutretta
Sensacional !!!! Como eu gostaria em ver a cara do dr provetta lendo esse texto. Como ele ( o Dr provetta) é médico ortopedista q se destacou num clube de futebol do interior , certamente ele iria comparar ‘fêmur’ quebrado com pulmão oxigenado.
Parabéns! texto perfeito como sempre Fiuza, para ser partilhado e guardado com carinho.
brilhante!! bela tirada do refrão da música…kkk
Comentário que é uma obra prima do jornalismo satírico, porém, sério e honesto. Parabéns. Esse Mandetta tem cara de malandro cafajeste. Repare bem no semblante falsamente risonho, próprio dos vagabundos.
Merdetta e Canalheiros. Dois canalhas vagabundos da pior espécie. Parabéns pelo texto, Fiuza. Sou seu fã.
Parabéns Fiuza. Assinei a Oeste para acompanhar seus precisos comentários, que juntos aos de honrados jornalistas da Joven Pan, Gazeta do Povo, Alexandre Garcia e de tantos outros da mesma estirpe salvam a dignidade da imprensa brasileira de hoje.
Rui da Fonseca ELIA
Vice-Almirante (Ref.)
Bom texto irônico. Repito: o pessoal que defende o governo no senado não é competente, pois não fez perguntas fundamentais ao Mandetta. Usar técnica investigativa em depoimentos não é o forte dos senadores.
O Mandettinha é um picareta. É do tipo de gente que não merecia confiança nem para gerir hospital de vilarejo, quem dirá ser ministro da saúde.
Chorando de rir!
Na veia, Fiuza. Grande escritor. Tem minha admiração.
Fiquei 2 semanas internado com COVID. Em nenhum momento tive falta de ar.apenas
Mal estar febre e muita dor no corpo. Se tivesse esperado ter falta de ar conforme recomendação do Dr Provetta para procurar atendimento médico estaria morto. Como médico sempre foi inexpressivo, idem como deputado. Como ministro da saúde rodovulo. Culpa do Caiado que defendeu sua indicação para o cargo. Bolsonaro não queria porque Provetta já tinha feito falcatrua em MT quando secretário de saúde.
Que delícia de texto. Inspiradíssimo!!!
Excelente Fiuza.
Excelente Fiúza! Esse infeliz usou o cargo desde o início como palanque eleitoral; mais um querendo surfar na onda da suposta popularidade que nunca teve; já foi esquecido…tchau Mandetta…hasta luego…
Parabéns Fiuza, por nos fazer rir com perfeitas colocações dos atores desse circo dos Randolfes, aquele inútil senador que votou contra todas as reformas, trabalhista, previdenciária, MP871 de combate às fraudes da previdência, Marco Legal do saneamento básico, Pec emergencial, Orçamento e varias outras medidas econômicas deste governo. Perdeu e como verdadeiro despachante do STF tudo judicializa, e produz essa pérola CPI ELEITORAL DA PANDEMIA, elegendo-se vice presidente.
Fiuza, se você nos lê, peço que faça uma matéria sobre a performance desses inúteis (Randolfe, Renan, Tasso, Oto Alencar, Aziz, Jader, Braga enfim essa bancada de cangaceiros que dirigem a CPI da cloroquina. Alias, Coronel Cangaceiro de ….. ,foi a qualificação no Senado Federal na eleição de Alcolumbre, de Renan para Tasso e vice versa, e nessa CPI estão unidos contra Bolsonaro. Triste fim do meu ex partido PSDB. Sorte de Bolsonaro ter esse tipo de políticos como opositores.
Bem lembrando: Fiuza precisa prosseguir na peça, colocando em texto humorístico (mas, no fundo é sério), todas as narrativas macabras desses personagens tupiniquins da política velha, que compõem o circo da CPI da Covid. É de dá enjoo assistir a esse espetáculo inútil, diante da gigantesca agenda de trabalho que o Brasil espera deles (pelo menos da maioria).
E pensar que a mídia esquerdalha já acenou lançar a candidatura do dr. Provetta para Presidente da República em 2022…
Seria um Presidente com o Juramento de Hipócrita.
GENIAL FIUZA !!! COMO AINDA NÃO COBRARAM ESCLARECIMENTOS A RESPEITO DO EPISODIO UNIMED( PROVETA) X PREVENT SENIOR ??? ISSO AINDA VAI DAR MUITO O QUE FALAR ( E LAMENTAR)…
Não esquecer: Constantino pela ponta direita.
Grande Fiúza!!!
Genial, Fiuza !!!
O trio de ferro: Guzzo, Augusto e Fiuza.
Tridente da Oeste, no jargão futebolístico!
É consolador reconhecer neste texto (absolutamente lúcido) que eu não estava delirando quando assistia ao tubo de ensaio borbulhando na TV, porém, minha curiosidade continua insatisfeita: quais foram os meandros percorridos por este espécime desconhecido para chegar aonde chegou? Assumindo o poder de amedrontar uma população inteira abusando de sua credulidade, inclusive do supremo mandatário dessa população? Bem, mesmo que minha curiosidade venha a ser satisfeita este dr. Provetta merece o beijo de madame Vendetta.
Viver e não ter vergonha é coisa de canalha, o juramento de Hipócrita é para canalhas. O Dr Provetta é um canalha.
Este senhor há tempos não merece o título de médico.
Parabens Fiuzza, um dos melhores tapa na cara com maestria dos ultimos tempos.Matou a cobra e mostrou o pau, tipico de jornalismo serio , parabens.
Com fina ironia, revelou todo o embuste moral, que cercou o “depoimento” do falastrão Mandetta.
Grande Fiuza, que texto!!!
Parabéns ao Fiuza pelo excelente texto!!!
FIUZA COMO SEMPRE CIRÚRGICO!!! EXCELENTE!!!
EXCELENTE, IRRETOCÁVEL. APENAS PARABÉNS, É INSUFICEINTE PARA ESSE TEXTO.
MANDETTA É O REI DA INTUBAÇÃO PARA A MORTE!!!
Parabéns pelo texto é a verdade infelizmente a falta de neurônios dos esquerdopatas leêm e não entende o que esta escrito <……..
Fiuza, obrigada por nos dar voz.