O tal “controle social da mídia”, espantalho totalitário que o ex-presidente Lula e o PT pretendiam cravar na legislação brasileira, acabou reeditado sob a atividade enganosamente qualificada de fact-checking. No dia a dia, o que as agências de checagem de fatos praticam é simples: censura. Elas não estão preocupadas com a precisão de dados, com os detalhes da apuração jornalística, com a prestação de serviços à população. Cuidam de aferir se o conteúdo publicado é ou não aprovado pela régua do pensamento autodenominado “progressista”. O tema foi discutido na nossa Edição 55, na matéria “Checadores de ideias”. Dada a relevância, volta agora à capa da Revista Oeste, numa reportagem assinada por Augusto Nunes e pela editora Branca Nunes.
O viés à esquerda das agências de checagem e da “grande imprensa” atinge patamares vergonhosos na cobertura do conflito entre o grupo terrorista Hamas e o Estado democrático de Israel. O colunista Rodrigo Constantino chama a atenção para um aspecto fundamental da crise: não há a menor condição de que o debate se estabeleça com a presunção de equivalência moral entre as partes envolvidas.
No cenário nacional, convém observar que também não há como considerar equivalência moral no caso do confronto entre policiais e traficantes na favela do Jacarezinho, no Rio de Janeiro — a despeito da abordagem dos veículos de comunicação tradicionais. O editor-executivo Silvio Navarro lança luz sobre a questão e aponta como uma canetada de um certo personagem da Suprema Corte tornou ainda mais complexas as operações da polícia nos morros cariocas, aumentou as tensões e, por conseguinte, o risco de mortes. O ministro Edson Fachin tem sua cota de responsabilidade indireta no triste episódio.
É muito provável que a completa desconexão da realidade brasileira esteja na origem de desacertos cometidos não apenas por ministros do STF mas também por um contingente expressivo de funcionários públicos graduados. “Muitos servidores acham que o Brasil é igual a Brasília, em que todo mundo tem curso superior, tem doutorado, mestrado”, diz o ex-secretário especial de Desburocratização Paulo Uebel, em entrevista à editora Paula Leal. Uebel explica por que a ineficiência se tornou a regra na gestão pública e alerta: “Precisamos pensar nas leis e normas para a média da população, não para a elite da sociedade. Será que a pessoa que tem uma sapataria, uma barraquinha de pipoca, tem condições de acompanhar o que sai no Diário Oficial?”.
Essa pauta, todavia, não faz eco nas redações de boa parte dos jornais, revistas e emissoras de TV do país. A jornalistada está mais empenhada em celebrar os heróis da nova esquerda. Diz J. R. Guzzo, a propósito da doutrina “progressista” que se pretende hegemônica: “Passou a haver tanta gente na esquerda, na verdade, que o próprio Lula começou a ficar incomodado. Deu para dizer que é ‘de centro’”.
Boa leitura.
Os Editores.
Esses parlamentares junto com esse Suprime Tribunal Federal botaram literalmente o país pelo avesso