De tempos em tempos, e com intervalos cada vez mais curtos à medida que o calendário eleitoral se aproxima, a história se repete: os institutos de pesquisa colocam na praça levantamentos que, mais tarde, não conferem com o resultado das urnas. Nas últimas semanas, um novo fenômeno saltou aos olhos do brasileiro, seja ele o ainda adepto do #fiqueemcasa ou aquele que perdeu o medo de voltar às ruas. Em 30 dias, ao menos cinco levantamentos sobre a corrida presidencial do próximo ano apresentaram números diferentes — em alguns casos, com disparidade gritante.
Antes de mais nada, é importante pontuar que o xadrez político para 2022 embaraça os institutos de pesquisa já na largada: como elaborar um cenário que agrade às redações do consórcio da mídia mainstream, no qual a tão desejada “terceira via” tenha musculatura para enfrentar o ex-presidente Lula e o atual, Jair Bolsonaro? E como achar esse nome sem que ele exista somente na prancheta do entrevistador — ou seja, muito além da cabeça do eleitor? É ali que começa a confusão. Nessa hora, alguém cita um governador que dá sinais de não ter votos sequer para buscar a reeleição, aparecem apresentadores de televisão, youtubers e políticos que só o editor da própria manchete conhece — como o “Joe Biden brasileiro” — ou o onipresente ex-juiz da Lava Jato Sergio Moro, que não quer nada com isso. Ao final, o que sobra é Ciro Gomes (PDT), sempre com menos porcentual de intenções de voto do que “os que não sabiam ou não responderam” ao questionário.
Recentemente, o instituto Paraná Pesquisas fez um comparativo entre os resultados de cinco sondagens para a eleição presidencial — uma delas, feita por eles. O resultado está abaixo. Colocadas numa régua, as intenções de voto de Lula nas cinco empresas variam de 29 a 41 pontos, e as de Bolsonaro, de 23 a 37 pontos.
Não por acaso, foi justamente a mais barulhenta delas a que rende manchetes até agora para a turma “meio intelectual, meio de esquerda”. Segundo o Datafolha, Lula teria hoje 41% das intenções de voto, ante 23% de Bolsonaro. No segundo turno, seria uma “barbada”: 55% a 32%. O leitor mais cético poderia se lembrar que na noite de 28 de setembro de 2018, dez dias antes da eleição, o mesmo instituto informou, em pesquisa encomendada pelo jornal Folha de S.Paulo e pela TV Globo, que Bolsonaro perderia para o petista Fernando Haddad em eventual segundo turno (45% a 39%). No mesmo dia, o portal UOL estampou a seguinte manchete: “Datafolha: Bolsonaro perde em todos os cenários de 2º turno; Ciro vence Haddad”.
Segundo o Datafolha, neste 2021, depois de passar muito tempo procurando pessoas pelo telefone na pandemia, seu time foi a campo nos dias 11 e 12 de maio. Fizeram-se 2.071 entrevistas com potenciais eleitores (acima de 16 anos) em 146 cidades. O que se sabe sobre quem respondeu é o seguinte: “As entrevistas foram realizadas mediante aplicação de questionário estruturado, com cerca de 25 minutos de duração. A checagem cobriu, no mínimo, 20% do material de cada entrevistador”.
Linha de produção
O questionário dessas sondagens, principalmente as telefônicas, é intrigante por si só porque, antes do ano eleitoral, ninguém tem acesso à estratificação dos dados. A legislação só reza sobre os levantamentos realizados dentro do calendário eleitoral — conforme o artigo 33 da Lei nº 9.504/1997 e as resoluções sempre atualizadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na véspera do pleito. Questionar o estrato de uma pesquisa, portanto, torna-se tarefa hercúlea: quem foram os 2.000 eleitores ouvidos — durante a pandemia, aliás, por telefone ou on-line —, onde e como eles foram localizados? Quantas perguntas foram feitas e em que ordem elas foram respondidas? Qual era o enunciado da questão? Se há algo possível de afirmar para além da ciência estatística, é que nessas dúvidas podem estar muitas respostas.
Na última terça-feira, 25, a reportagem de Oeste testou (fora de qualquer campo oficial de pesquisa) uma dessas abordagens telefônicas robotizadas feitas em maio para entender como elas funcionam. O diretor da empresa pediu sigilo da fonte. Não é nada muito diferente, leitor, de uma tentativa de conversar com o atendente virtual de uma TV por assinatura ou da bandeira do seu cartão de crédito: “Se você aprova o governo Bolsonaro, disque 1”; “Se você é do sexo masculino, disque 1; feminino, disque 2; se não quer declarar seu sexo, disque 3”; e por aí vai, com perguntas que misturam cenários eleitorais com avaliações sobre a gestão pública na área de saúde, o nível de satisfação com o atual presidente e o desempenho da CPI da Covid no Senado. Ao término, resta uma dúvida: quem é o cidadão que fica 25 minutos teclando no aparelho celular para responder a uma pesquisa dessas? Mais: qual o grau de confiabilidade que se tem sobre quem está do outro lado da linha respondendo à enquete?
Outro detalhe deve ser destacado: a guerra de preços das pesquisas in loco durante a pandemia foi voraz. Para levar uma equipe de profissionais confiável a campo, um instituto tradicional cobrava, antes da crise do coronavírus, até R$ 200 mil de uma emissora ou editora, valor muitas vezes compartilhado entre elas — como sempre fazem as TVs e os jornais/portais de notícia. Mas uma sondagem telefônica como a citada acima custa, em média, R$ 0,10 para cada ligação, no máximo, conforme a operadora. Ficou mais barato pesquisar na pandemia.
O questionário do Vox Populi, feito de 12 a 16 de maio em 116 municípios, com 40 telas em PowerPoint, também é autoexplicativo. Oeste apresenta parte das perguntas formuladas:
1) Como você se sente hoje em relação ao Brasil? Está satisfeito ou não?
2) Qual é o melhor presidente que o Brasil já teve?
3) Qual é o pior presidente que o Brasil já teve?
4) Embora as eleições para presidente ainda estejam longe… Se a eleição fosse hoje, em quem você votaria?
Esse roteiro já bastaria, mas piora ao longo do percurso. Seguem outras perguntas:
• “Quando Bolsonaro foi eleito, muitas pessoas achavam que ele era um cara diferente, que ia mudar a política e fazer um governo mais próximo das pessoas comuns. Hoje, dois anos e meio depois, você acha que Bolsonaro é o que ele dizia ser, ou não?”
• “O Brasil é o segundo país do mundo com mais mortes pelo coronavírus. Na sua opinião, quanto Bolsonaro é responsável pelas mortes por coronavírus no Brasil?”
Outra:
• “Pelo que você viu ou ficou sabendo, você acha que Lula e o PT foram perseguidos nos últimos anos, com o impeachment da Dilma e a prisão de Lula, ou não houve uma perseguição contra eles, foram tratados da mesma maneira que outras lideranças políticas e partidos?”
Em setembro do ano passado, uma reportagem intitulada “Alerta: Pesquisas à vista”, da jornalista Selma Santa Cruz, publicada na Edição 24 da Revista Oeste, dizia: “Apesar de todo o vigor exibido em campanhas contra as chamadas fake news, a ponto de se aplaudirem medidas de censura, infelizmente ainda não se vê por aqui nenhuma mobilização para combater as fake polls. Caberá aos eleitores ficar alertas para não serem manipulados inadvertidamente”.
Na era da patrulha das agências checadoras de informações alheias a serviço das redações, fica uma sugestão: as pesquisas deveriam ser verificadas com lupa e, se os números não batessem com os fatos (mobilizações nas ruas em plena pandemia, por exemplo), poderiam ser devidamente rotuladas com a tarja que elas tanto gostam de colar: fake.
Leia mais: “Alerta: Pesquisas à vista!”
Leia também “Além da margem de erro”
Pesquisas tão antecipadas de votos só servem para dar assunto à imprensa.
Os “institutos” para serem divulgados favorecem a opinião generalizada da mídia engajada para aparecerem.
Não tem nada de consistente aí, afinal errar tão prematuramente não fica tão feio.
Excelente artigo. Só idiotas, imbecis, simplórios e retardados mentais para acreditarem em pesquisas que dão a vitória ao aborto do Súcubo no ano que vem.
Concordo com a matéria. Instituto Paraná é a pesquisa que confio mais.
Data Bolha
Acho que quem votou em Bolsonaro, votou para o país mudar de rumo, e todos nós sabemos que não se muda um país dominado pela esquerda corrupta por trinta anos mude em quatro ano. Baseado nisso, eu não acredito que alguém deixe de votar em Bolsonaro para votar na esquerda. Não teria sentido! Mas, de qualquer forma, é bom que o Presidente fique atento porque nesta CPI comandada por corruptos com phd em roubalheira, pode sair um pedido de impeachment, e a gente sabe que o congresso está num leilão parecido com leilões de gado, quem der mais leva!!
Me corrijam se eu estiver errado, mas eu duvido muito que quem votou em Bolsonaro em 2018 vote no Lula em 2022.
Pelos “institutos de pesquisa” Haddad passa a faixa Presidencial para Lula em 2022.
Só a esquerdalhada acredita!!!
Popularidade é o cara poder andar nas ruas, ir ao estádio de futebol, ao restaurante sem ser chamado de ladrão. Eles confundem popularidade com malandragem.
Lula jamais voltará, o povo não é tão idiota assim.
Vox Populi ainda existe? Mas esse lixo é comprovadamente uma prostituta dos institutos!
Minha preocupação é que nos EUA eles conseguiram eleger um cara sem carisma em cima de muita fake news contra seu oponente o Trump. Vão tentar aqui também.
Com certeza vão!! Espero que o Presidente Bolsonaro e a sua equipe estejam ligados. Não se pode subestimar o poder da esquerda, eles são capazes de tudo para retomarem o poder. Inclusive matar!!
Esquerda nunca mais. A verdade não é tão fácil de enterrar. Deus e mais!
Que vergonha!!!
Essa corja que nata inocentes com superdosagem de hidroxicloroquina, amam a ciência, e têm como ARMA DE GUERRA essas pesquisas sem qualquer confiabilidade!!!
Que saiam a um grande shopping de São Paulo um Doria, um Calheiros.
Vem prá rua Lula!!!
Anunciei que fará um comício na praça da Liberdade em BH Mandetta, Aécio, Pimentel!!!
Aqui trabalhamos firme prá idolar da política esse tipo de gente.
Estatisticamente vimos conseguindo bons resultados.
PEC DA BENGALA
PEC DA PRISÃO EM SEGUNDA INSTÂNCIA
VOTO IMPRESSO
Infelizmente, os políticos ainda acreditam que a cultura do Brasileiro é a da “LEI DE GERSON”. Pagam pesquisas para que o povo seja induzido a votar naquele que está a frente.
As pesquisas são mais um braço da grande imprensa manipulando a opinião pública.
No noticiário do Jornal da Band de ontem – 27/05/21, em poucos segundos foi apresentado o resultado da pesquisa do “Poder Data Band” sobre o Voto Impresso.
Com 2.500 entrevistados: 46% “são contra”, 40% a favor e 14% não sabem responder. No site Poder360.com.br aparece, entre outras informações, que: “Rejeição é maior entre mais ricos”!! Independente de quem sejam os candidatos a comprovação do que você votou é um direito legítimo. Será que foram feitas as devidas explicações nas perguntas realizadas? Excelente matéria Navarro.
Sr.Nagib seguramente a maioria desses 46% contra o VOTO IMPRESSO pensam que o comprovante é levado para casa para mostrar ao politico corrupto, até porque artigo publicado em 23/04 no Estadão de autoria do ex ministro e presidente do STF Carlos Veloso prestou essa desinformação ou FAKE, que lamentavelmente não foi censurada pelo próprio Estadão.
Pesquisas + urnas eletrônicas não auditáveis + “imprensa” = MANIPULAÇÃO DOS RESULTADOS! ESTÁ DITO!
Para que servem pesquisas se tivermos o VOTO IMPRESSO? Esta ficando claro que tudo esta sendo tramado para Lula ganhar na urna eletrônica, amparado por fortes pesquisas que o indicam vitorioso 15 meses antes das eleições. Dai a importância da aprovação urgente do VOTO IMPRESSO, e ai sim poderemos autenticar o vencedor para evitar graves conflitos sociais. É muito estranho que o recente ex prisioneiro Lula, tenha reconquistado os brasileiros e nosso glorioso STF tenha tanto receio do VOTO IMPRESSO. Vale dizer que este STF tem 7 ministros indicados por Lula e Dilma. Peço insistentemente que o bom jornalismo da REVISTA OESTE, JOVEM PAN, GAZETA do POVO e outros esclareçam aos brasileiros o que é o VOTO IMPRESSO e sua importância para evitar que criminosos manipulem urnas sem que sejam auditadas. Se Lula vencer com o VOTO IMPRESSO, paciência, teremos no mínimo mais 2 ministros no STF de sua indicação.
Sem voto auditável Lula ganha na mão grande
No trato, no distrate e no necessário, de nossa parte, distrato com o “Mecanismo”- cujo maior poder se concentra no STF, em grande parte do Congresso, nos grandes jornalecos e nas TVs- resta-nos a opção de denunciá-los, cotidianamente, neste ambiente que eles ainda não conseguiram controlar; a NET.
Excelente trabalho da Oeste.
🤜🤛
TMJ
👏👏👏👏👏👏👏
Lamentável os métodos usados nessas pesquisas da esquerda.
Como o Lula tem vantagem eleitoral e não pode caminhar na rua ir ao shopping aeroporto
👍 👍 👍
Simples assim!
👏👏👏
Desconsiderando as questões relacionadas às tentativas de se forjar resultados que interessem a um ou a outro lado e, desconsiderando, também, aquelas ligadas ao comportamento intencional ou não do eleitor, não é muito difícil entender os erros se tomamos as questões relacionadas à ciência Estatística. Simplificando muito toda a questão: para começar, a “amostra” é falha pois não se conhecem as probabilidades de seleção de cada unidade amostral pelo tipo de esquema de amostragem que normalmente é usado o que interfere no cálculo da margem de erro e no coeficiente de confiança que, em geral, é dito ser de 95% o que não é verdade: é menor.
Se não tiver o Voto Auditável o Bolsonaro já era, o STF está querendo entregar a presidência no colo do Molusco, até porque este já ameaçou o STF de entregar todos caso continuasse preso. Então, Bia Kicis, mãos a obra.
Essa aí me surpreendeu nas tem tudo para ser verdade.
👍👍👍
Concordo
Perfeito seu comentário, com o STF ameaçado e com total submissão ao chefes do PT iria chegar essa hora vergonhosa.
Pesquisas erram sempre para favorecer a esquerda corruPTa, que as paga.
Antes da eleição 2018, recebi uma pesquisa telefônica. Respondi que sim e a pergunta foi, “qual a sua idade?” Ao falar disseram, a senhora não serve, procuramos idades entre 16 e 24 anos!!!! Ora, o meu voto tem o mesmo valor daquele entre 16 e 90 anos!!!! O quê eles querem? Jovens apaixonados pela esquerda? Já fui assim um dia, mas a realidade e maturidade traz mudanças, graças a Deus!
Uma vez vi um pesquisador do data folha parando a pesquisa no meio quando o eleitor falou que não votava no nove dedos
pesquisas tem duas funções: a) influenciar o eleitor a votar no candidato “eleito” pelos institutos e b) legitimar fraudes. Não consigo ver lado bom nelas. O mais absurdo ainda é se permitir pesquisas nas vésperas das eleições e até em boca de urna…
Concordo plenamente.
As pesquisas podem influenciar quem não sabe pensar ou refletir,se você acha que os menos favorecidos economicamente não fazem boas escolhas,errou.O brasileiro não é mais o mesmo de dez anos atrás.Nao acredito que Lula esteja com essa bola toda em termos de votos.Vamos aguardar as eleições e a contagem dos votos.
Este artigo é muito esclarecedor. Parabéns!
Perfeito. Principalmente legitimar fraude se não tivermos urna auditável.