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Edição 66

Lula e as más companhias

Por pior que você seja, sempre há espaço para piorar quando certas pessoas passam a ser a sua turma

J. R. Guzzo

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Procura-se desesperadamente na mídia, nas classes intelectuais e no Brasil civilizado, equilibrado e distante dos extremos, o candidato milagroso que vai ocupar a cadeira do “centro democrático” nas eleições para a Presidência da República em 2022; esse santo terá de arrumar uns 70 milhões de votos, ou coisa parecida, e salvar o Brasil de mais quatro anos com Jair Bolsonaro. Enquanto isso, continua intacto, e cada vez mais intacto, o problema real dessa história toda: o único candidato que pode vencer Bolsonaro é Lula. É melhor, portanto, já ir se acostumando. Como disse certa vez o ex-governador Leonel Brizola, vai ser preciso engolir de novo o “sapo barbudo”, com Lava Jato e tudo. O ex-presidente Fernando Henrique, por exemplo, já prometeu que vai engolir.

Quem mais, além dele? É o que será descoberto no decorrer da narrativa, mas desde já está claro que Lula, uma vez enterradas as ilusões do Brasil “democrático” e do seu candidato de “centro”, vai fazer um arrastão nesse pesqueiro todo. É a velha história, diria Lula: “Ruim comigo, pior com ele”. E é justamente aí, nessa rede em que vem de tudo, que Lula terá de prestar atenção durante a sua campanha — aliás, já está prestando. Lula, que raramente se esquece de dar prioridade a seus próprios interesses — e se comporta por fora como o homem que realmente é por dentro —, está pouco ligando para as virtudes de quem vier para o seu lado. Fernando Henrique é bom ou ruim? Para ele, tanto faz. Mas Lula se importa, sim, com os prejuízos que seus admiradores possam lhe causar. Por pior que você seja, sempre há espaço para piorar quando certas pessoas passam a ser a sua turma.

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