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Foto: Reprodução
Edição 69

Carta ao Leitor — Edição 69

Da democracia brasileira à ditadura cubana

Redação Oeste
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No início de julho, Oeste aqueceu o debate em torno da eficácia da CoronaVac — “um dos assuntos proibidos destes tempos estranhos que estamos vivendo”, ressaltou a Carta ao Leitor. Duas edições depois, a revista discute outro tema envenenado pela polarização política: o voto impresso, ou auditável, ou verificável. Por que, afinal, parece proibido modernizar a urna eletrônica?

Convém frisar: “voto impresso” não tem nenhum parentesco ou semelhança com a antiga cédula de papel abolida em 1996. Tampouco estipula que o eleitor sairá da seção eleitoral carregando um comprovante com o nome e o número do candidato escolhido. Isso violaria o sigilo do voto. Na urna eletrônica de terceira geração (a do Brasil pertence à primeira), o eleitor digita o número, o comprovante é impresso — permitindo que ele confira o que está escrito — e em seguida depositado numa urna lacrada. Caso haja algum pedido de recontagem, os votos em papel estarão ali armazenados.

A reportagem do editor-assistente Cristyan Costa e a do repórter especial Silvio Navarro demonstram que os dois lados perseguem eleições limpas recorrendo a táticas que merecem cartão vermelho. O ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, por exemplo, comparou o que chama de voto impresso a um golpe de Estado. Capitão do outro time, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que não haverá eleição no próximo ano se o voto auditável for rejeitado. Como assim? Ambos ignoraram essa pergunta elementar.

Especialistas em segurança digital mostram que a urna eletrônica adotada no Brasil tem falhas. Assim, das duas, uma: ou são mobilizados todos os recursos tecnológicos disponíveis para evitar fraudes — o que não está ocorrendo —, ou se aprovam medidas para a verificação do voto — o que ainda está longe de acontecer. Como destaca Cristyan, “dizer que o Estado brasileiro vai ser atacado por um hacker qualquer é uma bobagem tão grande quanto negar a possibilidade de aperfeiçoar a urna eletrônica”. Felizmente, os envolvidos na discussão garantem, igualmente, que o seu objetivo é defender a democracia. Melhor assim.

Bem pior é a situação de Cuba, ilha cultuada pela autodenominada esquerda brasileira como o último paraíso socialista. Não pensam assim as multidões repletas de jovens que ocuparam as ruas das principais cidades na última semana. Não ocorria nada parecido fazia pelo menos 30 anos. Desde 1961, quando foi oficialmente inaugurada a ditadura comunista, os opositores têm de optar entre o silêncio, a fuga para o exterior e a cadeia.

“Cuba não era um prostíbulo americano antes de 1959”, escreve Rodrigo Constantino. “Era um país com ampla classe média, com o terceiro maior consumo de proteína no hemisfério ocidental, a segunda renda per capita da América Latina (maior que a da Áustria e a do Japão), e a taxa de mortalidade infantil mais baixa da região.” Um dos momentos mais opressivos da história de Cuba é descrito por Augusto Nunes em sua coluna. “Passei uma semana na ilha e não vi um único gordo na rua. Descobri que o regime cubano emagrece.”

Ana Paula Henkel enriquece o conjunto de informações reunidas por Oeste. “Tenho recebido mensagens agressivas, em tom de deboche, ‘E as cubanas?’”, registra ela. É uma alusão à briga entre as seleções do Brasil e de Cuba nas semifinais da Olimpíada de Atlanta, em 1996, depois da derrota do time em que jogava Ana Paula. Ela responde: “Só espero, do fundo do meu coração, que todas estejam bem”.

Boa leitura.

Branca Nunes
Diretora de redação

16 comentários
  1. Alberto Santa Cruz Coimbra
    Alberto Santa Cruz Coimbra

    Os editoriais tem estado ótimos. Isentos, sintéticos, apresentam panorama do que vem a ser lido. Como deve ser. Parabéns.

  2. Paulo Alencar Da Silva
    Paulo Alencar Da Silva

    A matéria do Cristyan deveria ser liberada, por favor, é de super utilidade publica. Muitas pessoas estão sendo induzidas a pensar que terão que levar caneta para escrever, ou marcar um X, quando na verdade é um voto impresso ELETRÔNICO, que sequer aumentará o tempo de votação significativamente.

  3. Fabio Augusto Boemer Barile
    Fabio Augusto Boemer Barile

    A arapuca está armada! Criminoso restituido politicamente pelo STF. Pesquisas indicando vitoria do bebado mijao ja no 1o. turno! Mas, como esse é um pais “democratico” e plural, ele “ganha” as eleiçoes, mas no 2o. turno, com uns 51 ou 52% dos votos válidos. Não sei voces, mas eu nao vou aceitar esse palhaçada. Chega! 01 de agosto, todos nas ruas!

    1. João Razen Rodrigues da Silva
      João Razen Rodrigues da Silva

      Exatamente,

  4. Moisés
    Moisés

    Essa reportagem já ficou defasada ontem, quando foi apresentada provas que um hacker não só pode como já invadiu todo o sistema de voto da última eleição, vou os dados sigilosos e os votos no banco de dados inclusive poderia ter alterado o resultado como ele disse e foi confirmado por técnicos que fizeram as perguntas a ele.

  5. Urias Roberto da Silva
    Urias Roberto da Silva

    Como escreveu um leitor, Hamilton Rocha, a expressão “voto verificável” é muito mais esclarecedora que o quase erudito “auditável” ou o confuso “impresso”.

  6. Paulo Cesar Muniz
    Paulo Cesar Muniz

    Estou com muitas dificuldades de desassociar a visita da CIA ao Brasil, do até atentado ao presidente do Haiti e a reação da população cubana . . . Será que o Brasil deve se preocupar com a segurança nascional?

    1. Fabio Augusto Boemer Barile
      Fabio Augusto Boemer Barile

      Muito bem observado Paulo Cesar!

  7. Reinaldo Martinazzo
    Reinaldo Martinazzo

    Acho providencial este levante do povo cubano.
    Quem sabe assim o efeito “Orloff” (eu sou você amanhã) chegue por aqui antes que seja tarde.

    1. Hamilton Rocha
      Hamilton Rocha

      Alguns assuntos são proibidos no Brasil: Duvidar e discutir sobre as vacinas feitas às pressas, o tratamento Precoce da Covid, a Covid e o voto verificável. Quem levanta esses assuntos é apontado como teórico da conspiração, é cancelado e censurado nas redes sociais. Um absurdo.

    2. Paulo Cesar Muniz
      Paulo Cesar Muniz

      Este sistema estabelecido no Brasil só tem sucesso com poder trinario (Executivo, Judiciário e Legislativo). O que está desestabilizando o sistema é a atividade quadrático, o povo . . . (Executivo, Judiciário, Legislativo e o Povo).

  8. Bárbara Lacerda Nunes Da Silva
    Bárbara Lacerda Nunes Da Silva

    A realidade brasileira e mundial, corrigindo.

  9. Bárbara Lacerda Nunes Da Silva
    Bárbara Lacerda Nunes Da Silva

    Sempre muito bom ter revistas que esclarecem de forma tão sensata a realidade brasileira, apresentando os fatos como eles são, para muito além da radicalização ultrapassada entre direita e esquerda.
    Um incentivo à leitura!

  10. Erasmo Silvestre da Silva
    Erasmo Silvestre da Silva

    Todo mundo sabe que essa urna eletrônica é uma evidência de fraude. Basta ver que o Boulos jamais teria o mesmo percentual de votos que o Bruno Covas pra prefeito no Morumbi

    1. Paulo Cesar Muniz
      Paulo Cesar Muniz

      Acredito que o foco da possível fraude seja nos 2 candidatos do topo, pois o candidato Cabo Daciolo bateu políticos mais promissores. Esse exemplo é usado como alegação de ausência de fraude . . .

    2. Fabio Augusto Boemer Barile
      Fabio Augusto Boemer Barile

      Exatamente Erasmo. E arrisco dizer que essa eleição municipal em S. Paulo foi o “laboratório” para a farsa maior que tentará ser perpetrada ano que vem, desta vez em ambito nacional. Precisamos no mobilizar! Por favor, quem puder estar nas ruas no dia 01 de agosto, vamos fazer isso , por nossos filhos e nossos netos!

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