Nenhuma forma de aferição de forças políticas é mais precisa que manifestações de rua. Quase sempre, elas se transformam em ato de protesto que canaliza algum tipo de descontentamento com alguma coisa ou alguém. No Brasil redemocratizado, foram incluídos entre os alvos dois presidentes da República: Fernando Collor do Mello, em 1992, e Dilma Rousseff, em 2016. Ambos foram afastados pelo impeachment. Manifestações a favor são raras, mas uma delas lidera o ranking das mais numerosas. Entre 1983 e 1984, a campanha pela volta das eleições diretas para presidente resultou numa sequência de comícios de dimensões impressionantes.
Neste 7 de Setembro, multidões tomaram a Avenida Paulista e a Esplanada dos Ministérios, entre outros locais espalhados pelo Brasil, em favor do presidente da República e das bandeiras que ele defende. Embora muitos veículos de comunicação tenham feito acrobacias delirantes para desmentir o óbvio, incontáveis fotografias e vídeos mostraram que, sim, havia milhares de pessoas ali. Sim, as manifestações foram pacíficas. E, sim, aquele bando era composto de gente de todas as idades, tons de pele, classes sociais e gêneros, reunida pacificamente e empunhando bandeiras do Brasil. Tudo isso foi considerado pela velha mídia antidemocrático ou autoritário.
Enquanto o povo expressava aos gritos sua vontade, em Brasília o ministro do STF Alexandre de Moraes mandava prender pela quarta vez o jornalista Oswaldo Eustáquio e, pela primeira vez, um líder dos caminhoneiros conhecido como Zé Trovão. Também naquele dia, Jason Miller, conselheiro de Donald Trump, foi interceptado no aeroporto pela Polícia Federal para prestar depoimento. Como não falavam uma palavra de inglês, os policiais que deveriam interrogá-lo insistiram que assinasse um documento, em português, expedido por Moraes. Por desconhecer seu conteúdo, Miller se negou a assinar. Nada disso foi considerado pela velha mídia antidemocrático ou autoritário.
A reportagem de capa desta edição, assinada por Cristyan Costa e Silvio Navarro, retrata com fidelidade o que foram as manifestações e quais são seus desdobramentos. O 7 de Setembro é destrinchado em outros artigos. J. R. Guzzo constata que “o problema que está causando toda essa desordem é o fato de que Bolsonaro foi eleito em eleições limpas com quase 58 milhões de votos, tem chances objetivas de se reeleger para mais quatro anos e não é aceito, de jeito nenhum, pelo Brasil que manda na política nacional, nas decisões públicas e na máquina do Estado”.
Guilherme Fiuza explica o que seria um “decodificador das novas verdades” para deixar de ser golpista e antidemocrático. Rodrigo Constantino pergunta: “Se, diante desse povo todo nas ruas, a narrativa oficial vai insistir em tratá-lo como um bando de lunáticos fascistas, como haverá possibilidade de contemporização?”. E Pedro Henrique Alves descreve a atual cegueira da imprensa: “Parece que, quando o fato entra pela porta, os jornalistas saem desesperados pela janela”.
Releia a lição de Millôr Fernandes: “Liberdade da qual não se pode zombar, um chefe de Estado do qual não se pode escarnecer, uma instituição que treme diante de uma gargalhada mais forte, um poder que não aguenta uma piada de mau gosto, meu Deus, que ditadura mais fraca esta democracia!”. Embora tenha mais de 40 anos, a frase nunca foi tão atual.
Boa leitura.
Branca Nunes
Diretora de Redação
Eu tenho nojo, asco e profundo desprezo da velha mídia. A história contará a infâmia praticada pelos militantes da imprensa nesse período , cujo símbolo maior será o 7 de setembro de 2021.
Entre as manifestações expressivas do Povo, certamente não tão numerosa quanto as do dia da Independência – parece que dessa segunda vez o Brasil grita Independência, não o Príncipe Pedro, mas o Povo – deve ser incluída a manifestação a favor da reforma da Previdência.
O brasileiro vive num galinheiro, onde os porteiros são as raposas. Respeitosamente.
O recuo temporário do presidente Bolsonaro foi vital para que a economia e a segurança fossem preservados,porém,se o STF e o congresso continuarem atuando contra o povo,sua liberdade de opinião e a democracia,de nada adiantou o sacrifício.
Faço novo comentário para elogiar também o Alves aí da revista. Estava lendo jornal daqui do Sul e vi que muitos jornalistas ignoram de propósito certas verdades. E a maioria está interpretando de forma equivocada o papel do Temer. Sim, ele foi fundamental para um tratado de paz temporária. Mas, ele foi a pedido do STF, já que a corte é que estava correndo perigo de desmanchar totalmente seu prestígio pelas ações e declarações de ministros fora da casinha. O Bolsonaro entendeu que seria a corte derreter inclusive a nível internacional e o Brasil sairia perdendo muito. Aqui no Sul a gente diz: o STF arriou.
Já que não temos mais como comentar as obras do mestre Guzzo no final de seus artigos, vale citar que quanto mais velho fica, mais demonstra ao leitor sua clara interpretação dos fatos e das ações dos poderes que nos governam. Digo isso porque já o critiquei talvez por não entender suas críticas à este governo, mas admiro sua imparcialidade e qualidade de seus textos. Não sei como o tal ESTADÃO o suporta, já que deve considerar o que escreve, tudo FAKE NEWS.
Valeu citar Millor Fernandes com tal frase, e vamos nos lembrar daquela, ” ser preso político foi um bom investimento”, referindo-se à BOLSA DITADURA”, que por muito menos ditadura enche vitaliciamente o bolso dos tais heróis nacionais com imorais e ilegais indenizações milionárias como foi para Ziraldo seu colega do PASQUIM que disse merecê-la porque teve coragem de xingar militares. Em nossa atual democracia Ziraldo além de preso não teria indenização alguma.
Eu tenho orgulho de assinar embaixo!
Oeste é nosso norte hoje em dia.
Parabéns à Branca pela condução precisa, certeira e corajosa da revista.
Essa velha mídia militante e corrompída é nojenta!!!!!
Branca: qualquer texto que termina citando Millôr tem sempre razão e lucidez. Bravo.
Só tenho que parabenizar a revista Oeste por sua provendecial cooperação no esclarecimento dos fatos que estão sendo escondidos pela imprensa majoritária vendida
Mais uma edição histórica espetacular. Embora eu não possa comentar na coluna do Guzzo, digam para ele que ele se superou. É mais uma obra de arte associada aos grandes escritores da literatura universal e histórica. Não sei se ele teve acesso aos vídeos de petistas que falavam em fechar o STF e até esquartejar juízes e ministros e que a suprema corte silenciou e nunca fez nada contra aquelas figuras antidemocráticas que hoje foram perdoadas.