Há duas semanas, escrevi aqui sobre a coragem de Jonathan Isaac, o jogador da NBA de 24 anos, que emergiu como uma voz da razão, civilidade e do respeito às liberdades constitucionais de pessoas que decidiram não se vacinar contra a covid — por razões pessoais, médicas ou por já terem passado pela doença e adquirido anticorpos, como o próprio Isaac. A atitude do jogador do Orlando Magic provocou um movimento inesperado e importante na liga norte-americana de basquete contra o passaporte vacinal. Não contra a vacina, mas contra a obrigatoriedade que a liga tenta impor aos jogadores — simples assim: sem vacina, não joga.
Um dos atletas que seguiram a mesma linha foi Kyrie Irving, estrela do Brooklyn Nets. Ele se recusa a ser espetado, apesar da marcação cerrada do Nets e da mídia. Continua firme, com uma postura amparada em princípios e não na da maioria dos colegas, frequentemente elogiados pelo ativismo a favor do grupo Black Lives Matter. Não há como esconder a hipocrisia. No caso de Irving, essa vida negra não importa tanto assim para a patrulha da covid.
Durante semanas, a imprensa militante e lobista das big pharmas tenta retratá-lo como alguém que tem opiniões malucas sobre a vacinação. Rumores sobre suas reais razões para não se vacinar inundaram as páginas de notícias. Até que, cansado das falácias e dos ataques da mídia, ele decidiu usar seu perfil no Instagram na semana passada para fazer uma transmissão. Quase 100 mil pessoas acompanharam ao vivo o atleta exibindo seus motivos — numa clara demonstração de coragem — para não seguir a corrente do momento: vacine-se e cale-se. Aqui, um detalhe importante: Irving nunca se declarou “antivacina”. Ele apenas argumenta que está preocupado porque as pessoas estão perdendo seus empregos por causa da imposição da vacina.
A transmissão ao vivo foi uma ode à liberdade, à responsabilidade, à ética, à honestidade intelectual e aos direitos civis e divinos. De acordo com Irving, seus princípios estão acima de determinações draconianas e inconstitucionais, projetos de controle social, da própria liga norte-americana de basquete profissional e até dos milhões de dólares que pode perder por não se vacinar — a consequência imediata deverá ser a proibição de entrar em quadra.
A conversa durou 20 minutos e já foi vista por milhões de pessoas. Trata-se de um conteúdo rico e profundo do início ao fim. Irving fez questão de deixar claro que não será refém de grupos ideológicos. “Se sou responsável pela minha própria vida, então tenho de falar sobre coisas que realmente importam para mim. Tive de parar de fugir e usar a minha plataforma para falar sobre o que é verdadeiro e o que é meu”, disse.
“Ninguém vai sequestrar a minha voz, ninguém vai tirar de mim o poder que tenho de falar sobre essas coisas. Preste atenção no que está acontecendo no mundo real: as pessoas estão perdendo seus empregos devido a essas ordens (refere-se à obrigatoriedade das vacinas). Eu respeito isso e não quero brincar com as emoções das pessoas. Mas use a lógica: o que você faria se se sentisse desconfortável ao entrar na temporada quando foi prometido que você teria isenções ou que não teria de ser forçado a tomar a vacina?”
Ele também demonstrou estar cansado de ouvir “especialistas” e os juízes da pandemia: “É impressionante ouvir a maneira como as pessoas falam, cheias de convicção sobre o que eu deveria estar fazendo da minha vida e o que os meus companheiros deveriam estar sentindo por mim, ou o que a organização está pensando de mim…”
“Não estou aqui para dar a vocês todas as informações ou mostrar sabedoria e conhecimento. Estou aqui apenas para permanecer real. Eu sempre serei fiel a mim e essa é a minha vida. Faço o que eu quiser com ela, este é um corpo que eu recebi, um único corpo que eu recebi de Deus, e você está me dizendo o que devo fazer com ele?”, afirmou, em tom de desabafo. “Estou sendo pressionado em algo que é muito maior do que apenas um jogo de basquete.”
Durante todo o tempo de sua live, Kyrie Irving não se colocou em um pedestal de soberba, como outros jogadores milionários da liga que usam a plataforma para dizer como são oprimidos: “Sou um ser humano, tenho emoções, sentimentos, pensamentos, coisas que guardo para mim, coisas que compartilho, e vou me manter fundamentado no que acredito. É simples assim”.
Na conversa com milhares de fãs, o jogador chamou a atenção para a preocupante cegueira dos tempos atuais, na qual lockdowns e vacinas experimentais são obrigatórios — e questionamentos se tornaram crimes inafiançáveis. “Estamos num tempo louco! Quantas pessoas estão realmente pensando com uma visão equilibrada? Quantas estão realmente pensando sobre o futuro do que está acontecendo?”, disse. “Não machuquei ninguém nem cometi nenhum crime. Não estou aqui agindo como um idiota, mas cuidando da minha família. Não é normal o que está acontecendo.”
Questionado sobre uma possível suspensão a Irving caso ele se recuse a tomar a vacina, o Brooklin Nets declarou que essa é uma possibilidade, assim como o bloqueio do milionário salário. Irving não se intimidou e rebateu: “Ninguém deveria ser forçado a fazer nada que não queira com seus corpos. Se você escolher tomar ou não a vacina, apoio. Faça o que for melhor para você, mas isso não significa começar a julgar as pessoas pelo que elas estão fazendo com suas vidas.”
Assim como todos os “cancelados” nesta pandemia, nenhum argumento que a estrela da NBA apresentou foi rebatido por nenhum veículo de repercussão mundial. Em vez disso, os abutres usaram a velha tática de matar o mensageiro, demonizando suas falas e fazendo chacota de seu comportamento. Mas e Kyrie Irving? Com tranquilidade, mostrou que não vai ceder à turba sedenta de sangue.
“Eles me chamam de pouco inteligente e outros nomes que nunca vão dizer na minha cara. Defendo coisas muito maiores do que um jogo de basquete. E, agora, não é mais sobre o jogo, é sobre ajudar seu próximo a entender que tem uma escolha.”
Irving finalizou sua transmissão com a mensagem que sempre sustentou: “Você tem de ter certas convicções por si próprio. Tenho de tomar minhas decisões por mim mesmo, porque tudo isso vai continuar a evoluir em torno de ‘você vai sair e vai perder dinheiro’. E daí? Não se trata mais do dinheiro. Nem sempre se trata de dinheiro, mas de liberdade”.
O fato é que ele assumiu uma posição muito mais baseada em princípios do que a maioria dos atletas elogiada por ativismos toscos. Originalmente, Irving teria perdido apenas metade da temporada do Nets por causa da imposição da vacina em Nova Iorque. Ocorre que o Nets decidiu dar um passo adiante e o proibiu de treinar ou jogar — em casa e fora.
Agora compare a postura de Kyrie Irving com a de Colin Kaepernick, que desistiu de sua carreira medíocre na NFL para receber milhões para ser um ativista da justiça social — enquanto fingia o tempo todo que queria continuar jogando. Ou aos atletas que foram elogiados por atrasar jogos da NBA em um ou dois dias por causa da morte de George Floyd. E que tal a estrela da NBA LeBron James? Ex-companheiro de equipe de Irving, ele não sacrifica nada além de sua própria dignidade sempre que decide falar sobre política ou protestar ajoelhando em toalhinhas macias.
A comunidade médica ainda tem muitas perguntas sobre esse vírus e as vacinas, mas não há dúvida de que Irving está realmente arriscando sua carreira por algo em que acredita. Isso é mais do que pode ser dito sobre os outros atletas que obedientemente falam de todos os pontos de discussão sobre justiça social ao mesmo tempo em que embolsam milhões de dólares. Seguem à risca a cultura dominada pelo progressismo hipócrita e vil. Enquanto isso, Irving é o atleta que vai contra essa “cultura”, que precisa fingir que exemplos de atletas são LeBron ou Kaepernick.
O artigo de hoje é muito parecido com o de duas semanas atrás, mas decidi abordar o assunto novamente para que possamos testemunhar que, dentro dessa ordem insana de cancelamento e falsas virtudes, há também um efeito dominó para o bem. As únicas armas possíveis contra eles são a verdade e a coragem.
No ano passado, já com a pandemia em curso, o jornalista norte-americano Tucker Carlson, cancelado pela enésima vez por trazer a verdade à tona e expor os jacobinos virtuais, disse: “Tenha certeza de que, se você defende a verdade, eles virão atrás de você. A tentação é entrar em pânico. Não entre em pânico. Você tem de manter a cabeça e dizer a verdade. Se você demonstrar fraqueza, eles te esmagarão”.
Carlson termina afirmando que o resultado é um só: “Antes que você perceba, estará confessando crimes que não cometeu. Portanto, mantenha sua dignidade. No final, você ficará muito satisfeito com isso, porque a vida não vale a pena ser vivida sem ela”.
É necessário valorizar o comportamento corajoso. Nessa história de luta ou fuga escolheu-se o fugir sempre. É o mais fácil.
Poucas pessoas pensam e escrevem tão bem quanto Ana Paula Henkel. É um prazer ler seus textos.
Mais um excelente texto da Ana Paula. Parabéns.
Ana Paula, a cada vez que leio seus artigos comprovo que valeu a pena assinar a Oeste. Muito obrigada.
Kyrie Irving. Permita que eu possa te aplaudir.
A questão não é saúde. A questão é poder. A China colocou poder nas mãos dos mais variados tipos de pessoas. Quando o covid surgiu, se tornou a coqueluche da imprensa militante e lacradora. Jornalistas e políticos se tornaram também médicos e médicos se tornaram também jornalistas e políticos. No início assistia um médico, Dr Jean ir diariamente na Globo e na CNN ensinar a lavar as mãos. Depois o mesmo médico jornalista político foi convidado a ser capacho “científico” de João Doria. Prometeu uma vacina 100% eficaz, depois 90%, depois 63% e depois 50%. O pior foi que TODOS os jornalistas aplaudiram mesmo assim. Foi aí que comecei a me preocupar. Já era tarde, porque daí a exigir um passaporte foi um pulinho. Ou você toma uma vacina, não importa a marca ou você não vive em sociedade. Desta vez os direitos humanos se tornaram os DIREITOS DOS MANOS. Talvez um dia o HOMEM sinta vergonha do que foi feito com os homens.
Força, Kyrie. Você me representa.
Parabéns Ana. Cada centavo investido na revista valeu e vale a pena. Jornalismo de primeira. Isso é jornalismo profissional.
Ana Paula é estudiosa da história e atualidades da politica do Brasil e dos EUA e portanto revela-se na minha opinião excelente candidata a senadora por Minas Gerais, para ensinar atuais senadores como representar bem as mulheres na política, com seriedade e sem arroubos autoritários e nada democráticos de atuais senadoras. Comparo-a e tenho saudades da competente ex senadora Ana Amélia do RGS.
Já pensaram ela nos fazer esquecer do mineiro PACHECÃO?
Como acreditar nesses pseudos militantes que até pra protestar de joelhos precisa de uma toalhinha macia?
É a mesma coisa por aqui com o que se diz defensor dos pobres mas só anda de jato particular. Só besta pra acreditar nesses falsos moralistas
Bom teu artigo, mais uma vez. Eu gostaria de ter contato contigo para contar uma história pouco explorada, mas sei quais as regras do jornalismo e quem é famoso deve se cuidar. No entanto, como estou numa fase difícil de um lado da família, não quero também expor o problema. Só que deixo uma pista. Algumas religiões, com milhares de fiéis aí nos EUA e também aqui no Brasil proíbem (por escrito) algumas medidas médicas. Isto sempre foi um assunto tabu, pois essa posição poderia ser até considerado crime contra a humanidade. Mas não é. É obediência ao Direito do credo e da religião. Pouco se fala a respeito. Muita gente não está se vacinando por este motivo. E aí? Eu tomei a terceira dose ontem com a Pfeizer. As duas primeiras foi com a Coronavac que eu sempre critiquei, mas tomei. Respeito a liberdade das pessoas em relação a determinados temas. Não são todos fáceis de digerir com todas as contradições de nossa sociedade, da política e do judiciário: fumar maconha é liberdade? É pura bucha. Abraços. Começou hoje os preparativos do Natal Luz na Serra Gaúcha.
Gosto da Ana Paula, desde que era juvenil na Seleção Mineira, e fiquei muito feliz em vê-la como uma brilhante jornalista, especialmente, defensora dos bons costumes e do que é certo.
Desejo-lhe continuado êxito, Ana Paula, porque o merece!
Desde o extremo Sul brasileiro, envio um fraternal abraço.
Fui fã da atleta; sou fã da jornalista. Uma pessoa que soma ou multiplica. Não desanima e, cereja do bolo: é conservadora…..
Deixem a moça em paz! Prá que jogá-la no covil político? No DF, vão tentar calar sua voz! Aqui, o campo ê bem mais fértil e as sementes que lançar darão bons frutos.