Tanto no Império quanto na República, os brasileiros sempre preferiram cultuar indivíduos a militar em partidos políticos. Durante a monarquia, as coisas foram bem mais simples. O homem a venerar era o imperador. Mas também na República os líderes prevaleceram sobre as legendas.
Ao longo da República Velha, praticamente todos os governantes eram filiados ao Partido Republicano. Entre 1930 e 1945, o quadro partidário foi substituído pelo getulismo (a tribo dos adoradores de Getúlio Vargas), pelo integralismo (liderado por Plínio Salgado) e pelo comunismo (chefiado por Luís Carlos Prestes).
Os partidos ressurgiram com o fim do Estado Novo, mas todos foram menores que as seitas fundadas por líderes populistas. Foi o caso do janismo, do ademarismo, do brizolismo ou do lacerdismo.
Em 1966, a instauração do bipartidarismo fez com que siglas ainda adolescentes fossem absorvidas pela Arena e pelo MDB. Os partidos que voltaram a existir em 1979 ainda não chegaram à maioridade. Para efeito de comparação, o Partido Democrata e o Partido Republicano, que dividem o eleitorado americano, têm quase dois séculos de existência.
No Brasil, duas legendas quase conseguiram tornar-se adultas: o PT e o PSDB. “Depois que os militantes engoliram sem engasgos a roubalheira do Mensalão e a ladroagem do Petrolão, o PT virou uma seita cujos devotos têm seu único deus num corrupto condenado duas vezes em duas instâncias”, afirma Augusto Nunes. “Como o chefe é sempre maior que a legenda por ele cavalgada, já não existe o petismo. O que há é o lulismo.”
O PSDB perdeu mais uma chance de chegar à idade adulta depois de mostrar-se incapaz de fazer oposição aos governos do PT. Nesta semana, foi motivo de piada por não ter conseguido realizar as prévias que elegeriam o candidato tucano ao Palácio do Planalto em 2022. No esquete Uma Pergunta Para J.R. Guzzo, o colunista de Oeste fez a indagação inevitável: “Como o PSDB quer governar o Brasil, com 200 milhões de habitantes, se não consegue organizar uma prévia com menos de 50 mil pessoas votando?”
Na reportagem de capa desta edição, Silvio Navarro ilumina os bastidores da disputa entre João Doria, Eduardo Leite, Ciro Gomes e Sergio Moro, todos em busca dos 5% dos votos que garantirão a medalha de bronze nas eleições presidenciais. Eles se recusam a enxergar o óbvio: se nada mudar até lá, o segundo turno será disputado voto a voto por Lula e Jair Bolsonaro. É improvável que a terceira via seja percorrida por alguém com força suficiente para alcançar a segunda etapa do pleito.
O deserto partidário brasileiro, como mostra Nunes, é povoado por 33 siglas. Em 2022, uma dinheirama que pode chegar a R$ 3 bilhões será distribuída por todas, entre as quais figuram irrelevâncias como a DC (Democracia Cristã, R$ 4 milhões) ou o UP (Unidade Popular, R$ 1,2 milhão). O PT e o PSL, os dois maiores partidos brasileiros, receberão cerca de R$ 300 milhões cada um, somados o Fundo Eleitoral e o Fundo Partidário. Essa gastança é bancada pelos brasileiros que pagam impostos. Você é um deles.
Boa leitura.
Branca Nunes
Diretora de Redação
Por que não podemos mais comentar os excelentes artigos do Guzzo?
Concordo plenamente com a pobreza dos nossos partidos políticos, talvez por isso o eleitorado se apoia sempre mais no candidato do que na sigla. Na minha condição de simples cidadão, cujo único orgulho é poder dar sua opinião sem receio, vou dizer a vocês que não devem menosprezar o potencial que tem o Sergio Moro para se tornar o favorito da população. Eu me atrevo a prognosticar que o Moro vai para o segundo turno com o Bolsonaro.
A classe política não entendeu ainda que neste momento o Presidente é o único a defender a pauta conservadora (família, pátria, aborto, liberdade, combate à criminalidade). Os demais falam platitudes, sem foco, progressismo na veia. O cidadão está cansado disso. Mentiras, enrolação. O PSDB perdeu o time. Não foi duro o suficiente e eficiente ao se oferecer como uma via segura ao país. Hoje entendemos o motivo. Compartilham com a esquerda os mesmos ideais progressistas sem resultado sólido prático ao país. Esse partido tende ao desaparecimento, o que é uma pena, afinal já governou por 8 anos e conta com membros que jogaram pela janela a oportunidade de transformar este país em uma grande potencial econômica. A base desse desgaste foi a sua briga interna por poder e sua forte tendência progressista e de esquerda.
Precisamos urgentemente parar de tratar o criminoso , lider de quadrilha como politico e voltar a chama-lo de bandido, concorrendo de forma ilegitima em uma eleiçao que el deveria, no maximo, acompanhar pela TV de dentro de sua cela.
Tanta briga por um cargo honorário. O poder continuará nas mãos das divindades do stf. Nada mudará, independentemente de quem for eleito.
Esse Lula tá sendo valorizado demais, era pra ser desconsiderado até como político, pelo prontuário.
Carta tão boa quanto o trabalho feito pelo Silvio e pelo Augusto.
A capa está MARAVILHOSA!! Amei!
hahahahahahahahahaah!!