Em 13 de dezembro de 1968, uma reunião entre o presidente Arthur da Costa e Silva e seus ministros decidiria pela decretação do Ato Institucional número 5, o AI-5, que viria a instaurar a ditadura escancarada. Quando o vice-presidente, Pedro Aleixo, presente ao encontro, formulou o único voto contrário à medida, Costa e Silva quis saber o motivo.
“Presidente, o problema de uma lei assim não é o senhor, nem os que com o senhor governam o país”, respondeu Aleixo. “O problema é o guarda da esquina.”
Desde março de 2019, variações do guarda da esquina têm se multiplicado em proporções aterradoras. São ministros do Supremo Tribunal Federal, governadores, prefeitos, professores, reitores, policiais, vigilantes municipais e até síndicos de prédio que se viram da noite para o dia munidos de superpoderes. Fechar ou não a piscina ou a área de lazer do condomínio passou a depender exclusivamente da sua vontade — amparada em qualquer pseudociência.
Imagine-se o orgasmo cívico de um Edinho Silva, por exemplo, ao determinar que os araraquarenses haviam perdido o direito de andar na rua. Ou de um Eduardo Leite ao decidir quais eram os produtos que os supermercados gaúchos poderiam vender ou não. Ou de o prefeito de Peruíbe, Luíz Maurício, emergir do anonimato por ter fechado todas as entradas da cidade. Não é pouca coisa. E não é tudo.
Cenas de gente sendo presa por estar sentada em parques, por mergulhar no mar, por teimar em manter seus locais de trabalho abertos multiplicaram-se diante da passividade bovina de milhares de espectadores. Em meio a quarentenas VIPs regadas a vinhos de três dígitos, eles repetiam o mantra #FiqueEmCasa. Entre um call e uma live transmitida por um iPhone ou notebook de última geração, atendiam ao porteiro do prédio avisando que a marmita do Camélia Òdòdó já fora entregue pelo “moço do iFood”. Foi patético.
A extinção dos estadistas é um dos assuntos destacados na reportagem de capa desta edição. Como terminaria a Segunda Guerra Mundial caso houvesse um Boris Johnson no lugar de um Winston Churchill? Ou um Joe Biden no Salão Oval, então ocupado por Franklin Roosevelt? Ou um Emmanuel Macron no papel de Charles de Gaulle?
Em 1961, Ronald Reagan disse que “a liberdade nunca está mais do que uma geração de distância da extinção”. Em 2022, Oeste deseja que todos os direitos instalados na UTI pelos condutores da guerra contra a pandemia sejam plenamente restaurados.
PS: nesta edição, Oeste presenteia seus leitores com artigos escritos por algumas das celebridades que assinam a revista. Entre elas, estão o dramaturgo Aguinaldo Silva, o jurista Ives Gandra Martins e a deputada estadual Janaina Paschoal.
Boa leitura.
Branca Nunes
Diretora de Redação
Libertas quae sera tamen
Vamos ver se esta stamina ainda permanece na população
Ou será que o psiquiatra ingles tem razão?
Ainda bem que temos vocês.
Como desfuder???
Excelente. Utilizam o medo simplesmente para terem poder. Só que esse tipo de poder para funcionar teve que ser distribuído entre os espertos e os tontos. Tonto é que não falta. Temos muito mais guardas de esquina, prefeitos e juízes idiotas que que governadores e ministros justiceiros do STF, TSE e STJ. Quando os idiotas perderem o pequeno poder que tinham com a pandemia é que vai ser o maior problema. Ou muita gente precisará de psiquiatra ou se rebelarão.
Mas há os que combatem e resistem. Como Oeste que desde o início combate e resiste.
Oi Augusto Nunes e Branca Nunes: Como fazer um comentário do artigo do JR Guzzo desta semana, “E se o governo mandasse o STF passear?” Isso porque, sem nenhuma surpresa, tal artigo está irritantemente verdadeiro, dá um safanão em quem o lê e eu gostaria de expor minha indignação, falar a quem comanda o Executivo, incluindo sua família, sugerir que o leiam também, tomem uma providência, pelo amor de Deus !! O Congresso já mandou o STF passear, o Renan Calheiros (até ele!!) também e ficou tudo por isso mesmo!! Se o PR tomar alguma providência nesse sentido, não estou sugerindo golpe, qualquer providência, por mínima que seja, ele se reelege no primeiro turno com 70 milhões de votos. Anotem aí.
Com 62 milhões JÁ reelegem no primeiro turno…A conta se faz com VOTOS VALIDOS!
Não caiam em FAKE NEWS. Não entrem nessa de 70 milhões de voto…é mentira!