O Wegovy, primeira injeção semanal aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o tratamento da obesidade, estará disponível nas farmácias brasileiras a partir de agosto de 2024. A farmacêutica Novo Nordisk anunciou o lançamento na manhã desta quarta-feira, 26, informou a Folha de S. Paulo.
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O preço do medicamento pode chegar a R$ 2.484,00 em Estados com ICMS de 21%, como o Piauí. Em São Paulo, onde a alíquota é de 18%, o valor estimado é de R$ 2.383,00. Programas de fidelidade, no entanto, devem reduzir esses custos, segundo a farmacêutica.
Atraso no lançamento devido a temores de desabastecimento
A previsão inicial era que o Wegovy, aprovado pela Anvisa em janeiro de 2023, estivesse disponível no segundo semestre do ano passado. No entanto, temores de desabastecimento, como ocorrido nos Estados Unidos (EUA), atrasaram o lançamento no Brasil.
Priscilla Mattar, vice-presidente da área médica da Novo Nordisk, afirma que o tratamento é contínuo. “A gente trata doenças crônicas, para as quais ainda não há cura, como diabetes, hipertensão ou colesterol elevado”, ressalta ela. “Esses tratamentos são prolongados e a obesidade entra na mesma classificação.”
Comparação com o Ozempic e diferenças de dosagem
No Brasil, a descoberta de que o Ozempic, usado para diabetes tipo 2, promovia emagrecimento causou a falta do medicamento nas farmácias. Segundo Mattar, a empresa está agora mais preparada para evitar desabastecimento e espera que a introdução do Wegovy diminua a procura pelo Ozempic.
Ambos os medicamentos são à base de semaglutida. No entanto, o Ozempic é aprovado apenas para diabetes tipo 2 e usado off label para emagrecimento, enquanto o Wegovy é aprovado especificamente para obesidade. A principal diferença está na dosagem: o Ozempic tem doses de 0,25 mg a 1 mg, enquanto o Wegovy, conforme estudos, é mais eficaz com 2,4 mg.
Nova era de tratamento e ação dos medicamentos
“A gente está entrando numa nova época de tratamento da obesidade”, diz Mattar. “Passamos por muitos anos de medicamentos que falharam, medicamentos que traziam muitos efeitos colaterais, inclusive comportamentais, como aqueles à base de anfetaminas, medicamentos que aumentavam o risco de doenças atípicas. Agora, com essa classe, especificamente com a molécula semaglutida, a gente tem uma nova realidade.”
O novo tratamento envolve medicamentos que simulam hormônios intestinais responsáveis pela saciedade e metabolismo. O Wegovy e o Ozempic imitam o GLP-1. Já a tirzepatida, comercializada como Mounjaro/Zepbound, simula tanto o GLP-1 quanto o peptídeo insulinotrópico dependente de glicose.
Eficácia e segurança do Wegovy
Segundo Mattar, o Wegovy não só é eficaz como também oferece segurança. Estudos demonstram que, além de reduzir em média 17% do peso, um terço dos pacientes tem redução superior a 20%. O medicamento também diminui em 20% o risco de eventos cardiovasculares adversos maiores, independentemente do grau de perda de peso alcançado.
Outras pesquisas, prossegue a Folha, indicam que a perda e manutenção do peso com o uso do Wegovy podem durar até quatro anos. O Mounjaro, aprovado pela Anvisa em setembro do ano passado para diabetes tipo 2, também é utilizado off-label para emagrecimento. Estudos comparativos revelam que a tirzepatida proporciona maiores reduções de açúcar no sangue e perda de peso em comparação com outros produtos.
Preocupações com uso desmedido e recomendações
A Novo Nordisk está preocupada com o uso desmedido desses medicamentos para emagrecimento. “Não só como uma indústria de inovação que traz um medicamento novo, a gente também tem uma responsabilidade de educação da comunidade médica através de diferentes canais”, afirma Mattar.
Ela ressalta que o Wegovy é recomendado apenas para adultos e adolescentes com obesidade (IMC maior ou igual a 30) ou para adultos com sobrepeso e comorbidades relacionadas ao peso.
