Em entrevista a Oeste, a imunologista defende o uso precoce da medicação para tratamento da covid-19
![](https://medias.revistaoeste.com/wp-content/uploads/2020/04/remedio.jpg)
O surto viral pegou o mundo de surpresa e virou o planeta de cabeça para baixo em poucas semanas. Na corrida para achar a cura da doença que já ceifou mais de 90 mil vidas em todo o mundo, um comprimido que custa menos de um real está no centro do debate nacional. O uso da hidroxicloroquina no combate à epidemia divide opiniões na comunidade científica e a discussão chegou também ao campo político, ganhando o rótulo de medicamento “de direita”.
Hidroxicloroquina x cloroquina
“São compostos derivados um do outro. Na realidade, a hidroxicloroquina é uma geração mais nova da medicação e é menos tóxica. Por isso, acho que, para um uso populacional mais amplo, prefiro prescrever a hidroxicloroquina.”
HCQ ministrada sem teste para covid-19
“É um pouco difícil, mas não dá para esperar o teste. O teste demora; além disso, em alguns casos ele dá negativo e a pessoa já tem a doença. O ideal é que o paciente já tenha sido vacinado contra H1N1, porque aí, se tem outra infecção, por exclusão ele já sabe que o caso é de covid-19. Entre o início e a continuidade da doença é muito rápido e às vezes não dá tempo de o paciente ser visto novamente.”
Efeitos colaterais
“A medicação é usada há muitos anos. Quando a pessoa tem problemas cardiológicos, de arritmia, ela deve usar com muita precaução e sempre com orientação médica. Qualquer remédio tem na bula uma série de efeitos colaterais que podem advir de seu uso. Por isso é preciso que seja prescrito por médico, que se responsabiliza pelas informações que ele vai passar para o paciente. As regiões Norte e Nordeste já usam há muitos anos essas medicações, sem efeitos colaterais, e eles usam doses muito maiores e por muito mais tempo para tratar malária.”
Associação hidroxicloroquina + azitromicina
“É muito importante a associação dos medicamentos para diminuir a carga viral, principalmente em fases iniciais da doença. A azitromicina é bastante acessível, diminui a utilização que o vírus faz da máquina celular para proliferar. O zinco melhora a ação da HCQ e a azitromicina age junto com a HQC. Uma composição bastante interessante, pouquíssimo tóxica, ministrada por cinco dias e muito bem tolerada na maioria das vezes.”
LEIA TAMBÉM: A solução que venceu a ideologia
Isolamento vertical x horizontal
“Acho que se instalou um pavor extraordinário no país. Esse é um problema sério. Se a gente fosse isolar todo mundo por causa da dengue, a gente não sairia nunca do isolamento. Quando você fala em tratar pacientes precocemente, impedir que eles fiquem doentes, impedir que eles tenham de ir para a UTI e morrer, nós estamos falando de outro momento da epidemia.”
“Tenho pacientes com câncer e que quase morreram porque estavam com medo de sair de casa e precisavam de assistência médica. Nós ainda vamos enfrentar muitos casos graves. É fundamental ter leitos de UTI, cuidar de nossos idosos. Mas, hoje, isolamento horizontal na comunidade não existe. Tem gente que vive com sete, dez pessoas no mesmo cômodo. Essas pessoas precisam ser tratadas precocemente. Essa é uma situação que tem de ser entendida de forma dinâmica. Não sou a favor de isolamento horizontal ou vertical. Sou a favor da consciência do indivíduo, da orientação do público e do bom senso.”
Cargo no Ministério da Saúde
“Não, nunca fui sondada. É muita preocupação das pessoas. Quando alguém aparece, logo se acha que quer a cadeira do outro. Eu vim aqui como técnica, cientista, para tentar equilibrar as distâncias. Porque, no fundo, todos estavam falando coisas sob ângulos diferentes. Acho que o diálogo está muito bom.”
O Brasil no contexto mundial em termos de pesquisa sobre a HCQ
“Temos a oportunidade de usar tudo o que os outros já aprenderam. E inovar. Podemos ser melhores do que os demais. Não precisamos ser como na França, onde os idosos tinham orientação explícita do ministério de não procurar ajuda nos primeiros sintomas, somente quando ficassem muito mal. Eles chegavam ao hospital muito debilitados e, com isso, morreram cerca de 10 mil pessoas. Então acho que não precisamos usar esse tipo de estratégia.”
Uma reflexão sobre a pandemia no Brasil
“Acho que não estamos nos preparando para as boas notícias. Se a epidemia diminuir, como vamos sair de casa? Quem pode sair? Tem como tratar rápido e não ficar doente? Esse é o caminho agora para a gente trazer um novo momento para o país com muita sabedoria. Em mais de 70% das cidades do Brasil não houve nenhum caso de contaminação. Será que a gente tem de fechar todo mundo em casa? Isso tudo tem de ser revisto. Agora, as pessoas de maior risco devem ficar em casa mesmo.”
Se o remédio se mostra eficaz no aparecimento dos primeiros sintomas, o médico deve receitá-lo. Todo o resto é briga de egos e política.
Não é possível que Bolsonaro perdeu a chance de convidá-la!! Precisamos de uma MENTE assim no Ministério, pra dar um jeito na patrulha do SUS do Mandetta. Dra Nise Yamagushi, vem pra Brasília!!! ?????
Ela já faz parte da equipe que assessora o Presidente.
Ela deve estar mesmo em campanha junto com esta revista para assumir o ministério, pois se o medicamento já está liberado, pra que esticar conversa?
Parabéns pela matéria.
Excelente entrevista – que alívio poder assinar um veículo realmente conservador. Disse tudo, Geraldo.
Há evidências no Brasil , França, EUA de que o protocolo com aplicação da medicação no início dos sintomas dá excelente resultado. Na França o resultado do estudo do Dr. Didier Raoult com 1.061 pacientes tratados precocemente, divulgado por ele nessa semana, mostrou a eficiência do tratamento, 5 pacientes (0,5%), entre 74 e 95 anos, morreram. Ñ há tempo a perder. Ñ dá para esperar resultado de pesquisas científicas.
Muito bom. Pesquisem também o trabalho do Doutor Gonzalo Otazu, sobre os efeitos da vacinação conta o BCG no número de mortes e casos na COVID-19
Eu acho que a medicação deve ser usada sob indicação médica já que não temos tempo para aguardar estudos científicos mais consistentes e robustos. Outra coisa é achar que é só tomar o remédio e não fazer mais nada. Cada um levanta a bandeira que quiser numa democracia, mas precisamos de postura. Não é só ir na TV ou na Live e mostrar a caixinha do remédio. A propósito, Coreia, Alemanha e Irlanda estão usando cloroquina?