* Por Márcio Coimbra
A Rússia nunca enxergou com bons olhos a autonomia dos antigos países satélites da extinta União Soviética. Moscou sempre monitorou, interviu ou tutelou estas nações, desde as mais rebeldes, como aquelas do Báltico, até as mais próximos, que ainda mantêm relações estreitas com o Kremlin.
Curiosamente, os russos enfrentam hoje uma crise tripla. Quatro de suas antigas repúblicas passam por graves situações políticas. A primeira delas é Belarus, tutelada por Moscou, que mais uma vez viu-se diante de fraude em seu processo eleitoral. Aleksandr Lukashenko, o ditador que governa o país desde 1994, busca continuar no poder sob o olhar complacente de Putin e recebe orientações do Kremlin.
A oposição foi varrida do mapa. Está no exílio e tenta ainda a derrubada do governo. A líder da oposição, Svetlana Tikhanovskaya, está na Alemanha. A imprensa estrangeira foi expulsa do país e as ruas seguem tomadas pela população, que exige um processo transparente e democrático. Os governos europeus fazem pressão pelo fim da autocracia de Lukashenko, que cada vez mais se aproxima de Putin.
Do outro lado da Rússia, na Ásia Central, outra antiga república, o Quirguistão, entrou em convulsão. Ali a situação é também delicada e, assim como em Belarus, existe uma posição geopolítica que Putin precisa preservar. A nação da Ásia Central é estratégica, pois funciona como barreira ao extremismo islâmico e ao avanço chinês na fronteira russa.
O problema no Quirguistão, assim como em Belarus, é uma fraude eleitoral. O primeiro-ministro, Kubatbek Boronov, renunciou ao cargo. Os protestos seguem. Há chance real de dissolução do Parlamento e renúncia presidencial. O país sempre foi próximo de Moscou, que inclusive possui uma importante base aérea em seu território. O essencial para Putin é não perder o controle velado sobre a ex-República soviética.
Mercenários sob ordem de Putin agem na Venezuela para manter no poder Nicolás Maduro
Como se não fosse o bastante, Armênia e Azerbaijão se enfrentam mais uma vez na região de Nagorno-Karabakh, levando instabilidade ao Cáucaso e desequilibrando o eixo de poder que engloba Turquia, Irã e inclusive Síria. Tudo sob o olhar atento da Rússia. O drama humanitário continua uma grande preocupação. Quase metade da população foi deslocada e 90% dos afetados são mulheres e menores de idade. Em razão da origem armênia, 99% dos habitantes da região querem independência.
A crise segue com Bashar Assad, presidente da Síria, acusando a Turquia de incitar o conflito em favor do Azerbaijão. O Irã alerta que irá reagir caso a crise atravesse suas fronteiras. Ao mesmo tempo, a Rússia tem uma aliança com a Armênia e pode intervir militarmente no jogo, se julgar necessário. Moscou fez ecoar as preocupações de seu aliado sírio Bashar Assad sobre a possível existência de mercenários na região de Nagorno-Karabakh.
Na verdade, o uso de mercenários é uma prática russa, já fartamente denunciada na imprensa internacional. A empresa paramilitar privada Wagner — que oficialmente não existe, mas é controlada por um aliado de Putin, Yevgeny Prigozhin — faz incursões pelas antigas repúblicas soviéticas, Oriente Médio e zonas de interesse de Moscou. Recentemente estive em Belarus, onde mercenários foram presos em Minsk. A Wagner agiu também durante a crise na Ucrânia em 2014 e na posterior anexação da Crimeia. As ações da empresa também foram registradas na Líbia, na República Centro-Africana, no Sudão, em Madagascar e Moçambique e, naturalmente, Síria, em defesa de Bashar Assad. O grupo recentemente expandiu as atividades para a América Latina, em especial na Venezuela, com o objetivo de manter Nicolás Maduro no poder.
Os tentáculos da Rússia chegam a antigos países da Cortina de Ferro, como a Macedônia do Norte. Depois de um governo aliado de Moscou por cerca de dez anos, a Macedônia do Norte ainda sofre com a tutela. A Rússia não admite que a nação, estrategicamente situada nos Bálcãs, passe a gravitar em torno do Ocidente. Assim, o país acabou vítima de uma pesada companha digital com objetivo de desequilibrar as eleições e a democracia, mesmo método utilizado nas eleições americanas, no Brexit e em diversos países do mundo. Curiosamente, a Macedônia do Norte tornou-se conhecida por ser um dos maiores centros difusores de fake news. Uma preocupante convergência.
Seja por intermédio de fake news ou com manipulação de mídias e redes sociais, a Rússia está intimamente envolvida com a prática de desestabilizar democracias e direcionar processos eleitorais de acordo com seus interesses. Não é por acaso que as crises em Belarus e no Quirguistão têm a mesma origem: fraude eleitoral. Na frente militar, o Cáucaso pode estar sofrendo também as incursões de grupos paramilitares privados que defendem os interesses de Moscou. Uma clara violação das regras internacionais e um desrespeito à soberania de países autônomos e livres.
Ao enxergar seus interesses em risco em países que são indiretamente controlados pelo Kremlin, Moscou está agindo, sempre mediante de práticas condenáveis e pouco ortodoxas. Belarus merece eleições livres como forma de consolidar uma democracia que ainda deseja nascer. No Quirguistão, os fantoches russos precisam dar lugar às verdadeiras lideranças políticas locais que permitam real autonomia para a região. No Cáucaso, a mediação do conflito deve ser realizada por nações democráticas, como ocorreu no passado. Se o jogo de interesses russo, sírio e turco seguir manipulando a região, Armênia e Azerbaijão podem gerar imensa instabilidade, com chance de um conflito extrapolar suas fronteiras.
A Rússia precisa aceitar a independência de suas antigas repúblicas, respeitar suas instituições democráticas e sua autodeterminação. Seu jogo de sabotagem mercenário-digital-eleitoral tornou-se pesado e desproporcional, tornando-se o catalisador de instabilidade em diversas nações.
* Márcio Coimbra é coordenador da pós-graduação em Relações Institucionais e Governamentais da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Brasília. É cientista político e mestre em Ação Política pela Universidad Rey Juan Carlos (2007). Ex-diretor da Apex-Brasil. Diretor-executivo do Interlegis no Senado Federal.
[…] também: “O perigoso jogo antidemocrático da Rússia”, artigo especial publicado por Márcio Coimbra na Revista […]
Esse ursinho é um fanfarrão! Alguém fala pra esse bhosta que nenhum dos países que eram parte da ussr não querem nada com esse cupincha! Só perguntar pra essas pessoas desses países! PALHAÇO!
SEU CUBO DE GELO GIGANTE DEVERIA PEDIR DESCULPAS PRO MUNDO INTEIRO POR TER PARIDO ESSA PRAGA DO COMUNISMO JUNTO COM A PRAGA CAZARIANA DA FAMÍLIA ROTHSCHILD!
“Assim, o país acabou vítima de uma pesada companha digital com objetivo de desequilibrar as eleições e a democracia, mesmo método utilizado nas eleições americanas, no Brexit e em diversos países do mundo ” É um paradoxo. Trump foi acusado de ter relações espúrias com Moscou, que o ajudaram a vencer as eleições em 2016. Agora, nas eleições de 2020, o partido democrata é que promete acabar com a democracia, tornar os EUA uma sociedade socialista/comunista, com o apoio dos Black Lives Matter, os antifascistas e toda sorte de alas esquerdistas, que manterão Joe Biden no porão e governarão sem impecilhos. Moscou não viu isso antes ?? Apoiaram o partido errado?
Na reportagem podemos ver os interesses russos no mundo incluindo Venezuela, e o q acontece quando um país é dominado politicamente por ela, é criada uma ditadura e a democracia é suprimida desses países. Assim como Rússia, a China tbm executa suas articulações pelo mundo, tendo a Rússia como aliada, um não mexe com o outro. O Brasil é publicamente d interesse chinês, e sabemos o q acontece com as democracias q são corrompidas por esses sistemas ditatoriais. Cego é a pessoa q diz q o comunismo não existe mais. Para essas pessoas eu digo q o comunismo fez uma metamorfose para q fique bem aparentado aos olhos dos inocentes, mas ele continua com a mesma ideologia d sempre, e agora está preparado e está avançando novamente pelo mundo.
Concordo. Mas há um aspecto a ser considerado: a receptividade dos ocidentais, alimentada por péssimo sistema educacional (particularmente na América Latina), e certa tolerância a aspectos tidos como “diversos”, que não passam de completa antítese aos valores tradicionais orientais. Essa complacência torna muito mais fácil a “assimilação” dos ocidentais pelos eternos predadores do mundo livre, dessa vez pelo comércio e garantia de fornecimento de insumos fundamentais à subsistência.
Sugiro isso : Homeschooling até os 17 anos, depois façam supletivo só pra pegar certificado e tá tudo certo! O resto que se exploda!