Uma série de explosões em dispositivos conhecidos como pagers causou a morte de nove pessoas e deixou cerca de 200 feridos nesta quarta-feira, 18, no Líbano. Isso ocorre exatamente um dia depois dos ataque aos mesmos pagers de militantes do grupo terrorista Hezbollah, que deixou 12 mortos e mais de 3 mil feridos.
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O pager é uma tecnologia desenvolvida nas décadas de 1950 e 1960, que alcançou grande popularidade entre 1980 e 1990, antes da ascensão dos celulares. No Brasil, eram conhecidos como “bipes” e funcionavam com transmissões de rádio para enviar e receber mensagens. Cada dispositivo tinha um código semelhante a um número de telefone.
Para enviar uma mensagem, era necessário contatar uma central telefônica e informar o número para o qual o conteúdo deveria ir. Ele precisava ser breve e, depois do envio, a mensagem aparecia na tela do pager do destinatário.
Diminuição do uso com novas tecnologias
Os pagers podiam ser unidirecionais, apenas com o recebimento de mensagens, ou bidirecionais, que permitia também respostas. O avanço de outras tecnologias fez com que o uso dos pagers diminuiu.
Atualmente, são utilizados como forma de reduzir riscos de invasões, já que funcionam com ondas de rádio e não com internet, o que tornaria a invasão mais difícil.
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“O risco de exposição de dados depois de uma invasão é menor, já que eles não suportam muitas informações”, explicou ao portal g1 o vice-presidente de Telecomunicações da Associação Brasileira de Avaliação da Conformidade (Abrac), Kim Rieffel.
A tecnologia dos pagers usados pelo Hezbollah não é clara. Sabe-se que foram adotados depois de o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, pedir que seus combatentes, especialmente na fronteira sul do Líbano com Israel, evitassem smartphones, os quais poderiam ser rastreados. Os pagers não possuem geolocalização.
Explosões dos pagers
Segundo a rede de televisão Al Jazeera, fontes da segurança libanesa informaram que o Hezbollah importou os pagers que explodiram há cinco meses. As explosões envolveram cargas de menos de 50 gramas. Um membro do Hezbollah relatou à agência que os dispositivos esquentaram antes de explodirem. Os pagers eram de uma marca não usual para o grupo.
Depois das explosões desta terça-feira, 17, o governo libanês solicitou que todos os cidadãos descartem imediatamente os pagers, conforme a agência de notícias estatal do Irã, Irna.
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