O formato de atuação adotado pelo Grupo Facebook para a plataforma de rede social que leva o nome da companhia e o aplicativo de mensagens WhatsApp é criticado publicamente por Carissa Véliz, professora da Universidade de Oxford (Reino Unido) e especialista em proteção e privacidade de dados. Em entrevista publicada no último fim de semana, ela analisou o atual momento das duas iniciativas de comunicação e tecnologia.
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Sobre o WhatsApp, a professora definiu como “invasivo” o trabalho relacionado à polêmica mudança de privacidade do app. Prevista para entrar em vigor já neste início de ano, a alteração, que visava a compartilhar dados com o Facebook Messenger, acabou adiada para maio. Com isso, o WhatsApp tem perdido espaço para concorrentes como Telegram e Signal.
“Para entender o contexto, é importante lembrar que o Facebook comprou o WhatsApp em 2014 e, na época, prometeu que as duas empresas não compartilhariam dados”, disse Carissa Véliz em contato com o site da BBC Mundo. “Em 2016, porém, houve uma mudança na postura e o Facebook decidiu que os usuários poderiam decidir se compartilhariam as informações entre as plataformas ou não. Agora, decidiram que não haverá mais oportunidade para rejeitar o compartilhamento de dados: se não aceitar a condição, não poderá mais usar o WhatsApp. Por isso acredito que o público reagiu”, contextualizou a professora universitária.
Facebook: problema de marketing
A pesquisadora aproveitou a entrevista para externar a razão pela qual define o Facebook como “abutre de dados”. “Considero o Facebook um ‘abutre de dados’ porque é uma empresa que, basicamente, ganha dinheiro a partir da exploração das informações pessoais dos usuários”, declarou. De acordo com ela, a plataforma de rede social não está sozinha nessa categoria. Para Carissa, empresas de marketing que investem em anúncios cada vez mais segmentados fazem companhia à empresa do bilionário norte-americano Mark Zuckerberg.