“O conceito de falsificar imagens existe desde as origens do cinema, no século 19. A era digital facilitou muito as coisas. Novas tecnologias fizeram o ator Tom Hanks contracenar com o presidente John Kennedy no filme Forrest Gump, em 1994. Em 2000, o ator Oliver Reed foi incluído em algumas poucas cenas do filme Gladiador mesmo depois de morto.
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E, sim, o deepfake pode ser usado também para o crime. O caso mais famoso até agora aconteceu em 2019 e envolveu a manipulação de som. O CEO de uma empresa de energia britânica recebeu uma ligação com a voz de um associado de confiança pedindo a transferência de 220 mil libras para um banco húngaro. O CEO transferiu. Só desconfiou de golpe quando a mesma voz pediu mais dinheiro logo em seguida. Era um caso de deepfake sonoro, que fica ainda mais difícil de ser identificado.
E existe a possibilidade que está na cabeça de todos: o uso político dos deepfakes. Nada de mais sério aconteceu nesse sentido até agora. Mas vamos pensar numa hipótese para as eleições presidenciais de 2022. O candidato A e o candidato B estão virtualmente empatados. Dois dias antes da votação, o comitê do candidato B espalha nas redes sociais um deepfake do candidato A em que ele confessa que matou a própria mãe e que pretende roubar no cargo como nunca se roubou.”
Os parágrafos acima fazem parte do artigo de Dagomir Marquezi publicado na Edição 51 da Revista Oeste, que foi ao ar na sexta-feira 12.
Revista Oeste
A Edição 51 da Revista Oeste vai além da coluna de Dagomir Marquezi sobre os possíveis impactos dos deepfakes na vida real. A publicação digital conta com reportagens especiais e artigos de J. R. Guzzo, Augusto Nunes, Guilherme Fiuza e Rodrigo Constantino.
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