No Estúdio Oeste 89, Paula Leal volta a ancorar o programa que apresenta as piores notícias da melhor forma. Flavio Morgenstern, Carlo Cauti e nosso convidado Dagomir Marquezi formam a bancada para comentar o Brasil perdendo o medo de voltar às ruas. As manifestações que foram notícia internacional mostraram o que o brasileiro quer: liberdade, democracia e justiça. Parece que essas coisas estão sendo chamadas de “golpe de Estado”, “abolição violenta do Estadodemocráticodedireito”, “milícias de extrema direita” e outros termos por certas pessoas.
Falando em certas pessoas, Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes divergiram ao discutir as sobras eleitorais. No regime em que o STF define quem foi eleito e quem não, os dois ministros discutiram sobre quem foi que o STF decidiu que foi eleito. Como essa notícia seria apresentada fora do país?
Também deu tempo de comentar a liberação do aborto no Brasil, e também a revogação da liberação, apenas após pressão nas redes sociais, horas depois. E nada de lei, debate parlamentar, divisão entre Poderes, democracia. Foi simplesmente com uma nota técnica (!) do Ministério da Saúde. Imagine se as redes sociais fossem censuradas, ou melhor, “regulamentadas”, como tanto querem nossos donos?
Mas fica o questionamento: um certo Jair Bolsonaro, candidato à reeleição, foi censurado e teve até de pagar multa por fazer propaganda na qual alertava que Lula iria legalizar o aborto. Isso foi considerado “fake news” (o terminho da moda para a censura) e ensejou, pela milésima vez, novos moldes de censura e controle das eleições – que poderiam ter outro resultado, não fosse um dos candidatos estar sob censura confessada pelo TSE.
Até o presidente do TSE, mesmo sem nenhuma lei e nada na democracia que o permitisse afirmar tal coisa, declarou que quem fosse eleito em 2022 com “fake news” teria sua candidatura cassada. E que se “milícias digitais” espalhassem as tais fake news, essas pessoas seriam presas (ênfase em seu olhar e palavras). Ora, negar que o governo Lula iria legalizar o aborto é exatamente uma fake news.
Ainda deu tempo de ser ombudsman da mídia! E tivemos uma emissora dizendo que sem pau-de-arara, não é ditadura – mesmo que um poder fique ditando sozinho todas as obrigações do país, sem precisar seguir lei nenhuma. Também uma jornalista comemorou quando um juiz fosse legislar no Congresso, teve sua proposta recusada, e agora vai exigir que a lei seja o que ele quer mesmo assim.
Por fim, Ricardo Noblat faz especulações bem pouco civilizadas sobre a filha de Carlos Bolsonaro. Sua fonte? Alguém disse que é assim. Mas não se preocupem: eles são amigos dos donos do Brasil. Nada nunca acontecerá com eles. Dirão que seus críticos é que possuem “déficit civilizacional” e que são “fake news” que precisam ser controlados.
Ainda: a capa da edição 206 da Revista Oeste para assinantes, com texto histórico de Augusto Nunes: “Acabou o medo”. O Estúdio Oeste é transmitido todas as quintas-feiras, às 20h30, no canal de YouTube da Revista Oeste.