As ações da Petrobras registraram forte queda, na manhã desta quarta-feira, 15, depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva demitir Jean Paul Prates da presidência da estatal.
Apesar de o mercado ter tido suas rusgas com o ex-CEO da Petrobras, a notícia gerou temores de interferência política na empresa.
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Por volta das 12h25, os papéis ordinários da companhia recuaram 6,8%, negociados a R$ 40. Já as ações preferenciais caíram 5,73%, a R$ 38,53. Ao longo da manhã, a Petrobras chegou a apresentar recuo de 8%. Enquanto isso, o Ibovespa caía 0,46%, a 127.918 pontos.
Lula decidiu trocar Jean Paul Prates por Magda Chambriard
Na noite desta terça-feira, 14, o mercado recebeu a notícia da demissão de Jean Paul Prates. Por um lado, corre a informação de que a decisão foi movida pelo governo. Mas, em comunicado aos investidores, a Petrobras afirma que a saída foi “a pedido” e ocorreu “de forma negociada”.
No documento enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para informar a indicação de Magda Chambriard para a presidência da empresa, a companhia cita o fato de que foi registrado o “pedido do senhor Jean Paul Prates de encerramento antecipado de seu mandato como presidente da Petrobras”.
Magda é engenheira e ex-diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Ela foi indicada à presidência da estatal pelo Ministério de Minas e Energia e trabalhou pouco mais de 22 anos na Petrobras. A executiva também foi diretora-geral da ANP entre 2012 e 2016, durante os governos Dilma Rousseff e Michel Temer.
O órgão regulador da Petrobras monitora a cadeia das indústrias de biocombustíveis, gás natural e petróleo no Brasil. Antes de chegar à direção, foi assessora e superintendente.
Preocupações do mercado com a demissão
Apesar do perfil técnico de Magda, o mercado olha para a queda do CEO com temores sobre interferência política na estatal. “A possibilidade de intervenção aumenta as chances de a companhia ser utilizada mais diretamente como um instrumento político do Executivo”, diz o analista da Ativa Investimentos Ilan Arbetman.
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A notícia não é totalmente estranha, em virtude das recentes crises em torno da gestão Prates. Contudo, há uma avaliação de surpresa para os investidores. “O mercado gosta de previsibilidade, e o fato de ter sido muito surpresa, sem um preparo, uma governança, uma meritocracia assusta”, avalia o CEO da empresa de consultoria Multiplike, Volnei Eyng.
Desse modo, os analistas se veem incertos quanto ao futuro da estatal. “A troca de comando na Petrobras sinaliza instabilidade para investidores”, afirma o sócio da Ipê Investimentos, Fabio Murad. “As políticas de Chambriard, sobretudo a de preços, são cruciais para a percepção de risco dos investidores. A mudança abrupta e motivada por pressões políticas pode impactar a confiança na governança.”
Na avaliação do gestor financeiro Marlon Glaciano, especulações quanto à potencial CEO ainda são precipitadas. “O mercado ainda a estuda e a avalia devido ao grande desconhecimento do seu papel para tal gestão”, diz Glaciano. “Será importante aguardar e avaliar sua gestão e os próximos passos.”
Crise dos dividendos na Petrobras
Para Arbetman, também há dúvidas quanto ao futuro da companhia em relação a investimentos, dividendos e preços de derivados. Em seu relatório diário, o BTG Pactual apontou a crise dos dividendos extraordinários da Petrobras como uma das potenciais insatisfações que levaram à destituição de Prates.
Há cerca de um mês, rumores da demissão de Prates começaram a surgir em meio a debates entre membros do governo sobre a distribuição de dividendos extraordinários referentes ao exercício de 2023. Em março, ao divulgar que teve lucro de R$ 124,6 bilhões em 2023, a Petrobras informou que o conselho de administração havia aprovado a distribuição de R$ 14,2 bilhões em dividendos.
Inicialmente, em reunião realizada no mês de março, o conselho havia decidido reter 100% dos dividendos extras possíveis em uma reserva estatutária, o que gerou preocupações com a capacidade de investimento da empresa. A decisão repercutiu negativamente no mercado financeiro e expôs entraves entre o presidente e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
A decisão foi revista posteriormente, e o conselho de administração da Petrobras aprovou no fim do mês passado a distribuição de R$ 21,9 bilhões, correspondendo a 50% dos dividendos extraordinários. No fim de abril, o presidente Lula afirmou que a Petrobras “nunca teve crise”.
Nítida abertura da CUMBUCA.
Para muitos meterem a mão…
Sob um governo petista, interferência politica numa empresa estatal será sempre a regra. Em detrimento da governança, da rentabilidade e da transparência e no sentido de uso politico, vantagens pessoais e acomodação de aliados ou cúmplices em cargos com altos salários.