O ato de beber café está em ascensão na China. Já são 330 milhões de pessoas consumindo a bebida no país, um número maior que a população brasileira. Em volume, o consumo ainda é menor do que no Brasil, mas cresceu 70% em oito anos, quando 193 milhões de chineses bebiam café, o que demonstra um cenário favorável, afirma uma reportagem do jornal Valor Econômico. Com isso, a disputa pela preferência dos consumidores chineses tem se intensificado. A rede de cafeterias Starbucks e Louis Dreyfus (LDC) são algumas companhias que já detectaram esse potencial.
Os novos consumidores chineses de café têm de 20 a 34 anos e veem a bebida como um hábito refinado. Deles, 60% são mulheres. O café solúvel tem 52,4% da preferência. Em segundo lugar está o torrado e moído, com 36,5%. Os dados são de uma pesquisa realizada por consultorias locais, com apoio do Cecafé, Apex Brasil, Embaixada Brasileira e Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), e concluída no fim de 2020. Segundo o diretor-geral do Cecafé, Marcos Matos, o diagnóstico é um importante indicativo de tendência que favorece os exportadores do arábica. O Brasil é o principal produtor global da variedade.
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Iniciativas brasileiras
Os clientes da Mellower Coffee, rede de cafeterias com 80 lojas no país, vão poder experimentar cafés de três regiões produtoras brasileiras, a partir de setembro. No menu digital, será possível conhecer a história do produtor do grão. A ideia é criar interesse pelo produto e aproximação com o agricultor. “A proposta da campanha é apresentar as características do produto. Esse é um trabalho de paladar e cultura, com oportunidades de aumento de exportações de café verde”, afirma Marcos Matos.
A cooperativa mineira Minasul — a segunda maior do país em embarques de café, com receita de R$ 1,5 bilhão — é uma das exportadoras que buscam espaço no mercado chinês. A cooperativa abriu, em 2018, dois escritórios, um perto de Xangai e o outro em Taipei (Taiwan). Segundo José Marcos Rafael Magalhães, dirigente da entidade, desde a abertura dos escritórios, os embarques de cafés verdes especiais para a China têm crescido cerca de 35% ao ano.
Exportações
Os embarques de café do Brasil para a China aumentaram 140%, nos últimos cinco anos, saindo de 84.352 sacas de 60 quilos, em 2015, para 202,2 mil sacas, em 2020, segundo o Cecafé. A receita dobrou nesse período. Em 2020, alcançou US$ 30 milhões. Somente nos primeiros cinco meses de 2021, as exportações passaram de 155 mil sacas e renderam US$ 24 milhões, quase o mesmo desempenho de todo o ano de 2020.
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