Um estudo publicado recentemente pelo Instituto Millenium, think tank sem fins lucrativos, e pela consultoria Octahedron Data eXperts (ODX) mostra que, embora a alta dos preços dos alimentos e depreciação cambial tenham sido essenciais para manter o agronegócio brasileiro em alta em 2020, a resiliência do agro só foi viável devido ao aumento da eficiência em diversas cadeias produtivas, que foi proporcionada por investimentos tecnológicos, noticiou o jornal Valor Econômico.
De acordo com o estudo, o Produto Interno Brasil (PIB) do Brasil teve, em 2020, o seu pior resultado em 31 anos, com queda de 4,06%. Enquanto os setores da indústria e serviços sofreram retração, com 3,5% e 4,5% respectivamente, o valor adicionado da agropecuária aumentou 2%. Com R$ 439,8 bilhões, ela representou 5,9% do PIB em 2020, 1,4 ponto a mais que no ano anterior.
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Em 2020, a agricultura brasileira bateu recorde de produção, com 1,24 bilhão de toneladas, em 63 milhões de hectares, lideradas pelas colheitas de cana (com 677,9 milhões de toneladas), e de cereais, leguminosas e oleaginosas (254,1 milhões de toneladas), com destaque para a soja, que registra aumentos expressivos de produtividade, devido a insumos mais eficientes nas lavouras e ao aumento no uso de maquinários.
De acordo com a pesquisa, “a mecanização e o investimento em tecnologia contribuem, de forma relevante, para o aumento de produtividade e, essencialmente, para a diminuição da diferença entre área plantada e área colhida”. São 55,5% dos estabelecimentos com tratores, 19,3% com semeadeiras, 15,7% com adubadeiras e/ou máquinas distribuidoras de calcário e 9,2% com plantadeiras, diz o relatório.
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O estudo afirma que grande parte da performance positiva do agro decorre de vendas ao exterior. Em 2020, com preços e câmbio favoráveis, as exportações setoriais renderam US$ 100,8 bilhões, um crescimento de 4,1% do que no ano anterior.
“Com muitos investimentos em inovação feitos pelo setor privado, o agro mostra que, em boa medida, não depende do estado. Pode haver equilíbrio”, afirma Priscila Pereira Pinto, CEO do Instituto Millenium.
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