Em meio aos frequentes atrasos na chegada de insumos que possibilitem a produção de mais doses de vacinas contra a covid-19, a orientação nos postos de saúde é evitar desperdícios dos imunizantes já disponíveis. A chamada “xepa da vacina” foi autorizada pelo Ministério da Saúde e segue as diretrizes publicadas em um documento da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa), segundo o qual “quando houver frasco de vacina aberto no fim do expediente, para que não haja qualquer desperdício de dose, ela deve ser aplicada”.
No dia 17 de maio, a prefeitura de São Paulo abriu um canal para que pessoas a partir de 18 anos de idade e que apresentem algum tipo de comorbidade possam se inscrever em uma lista de espera para a vacinação, a fim de se evitar o desperdício de doses. De acordo com a Secretaria Municipal da Saúde da capital paulista, a ordem de prioridade para essas doses remanescentes é formada, primeiro, por profissionais de saúde acima de 18 anos; em seguida, por pessoas com comorbidades também maiores de 18 anos.
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Entre os profissionais da saúde contemplados, estão médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares, nutricionistas, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, biólogos, biomédicos, farmacêuticos, técnicos de farmácia, odontólogos, auxiliares e técnicos de saúde bucal, fonoaudiólogos, psicólogos, assistentes sociais, profissionais da educação física, médicos veterinários e técnicos de laboratório que façam coleta de teste e análise de amostra de covid-19.
Cadastro
Para se cadastrar na “xepa da vacina” em São Paulo, além de integrar os dois grupos prioritários contemplados, é necessário ser morador da região em que se localiza a unidade de saúde — para isso, é preciso apresentar o comprovante de residência. No caso das pessoas com comorbidades, devem ser apresentados um documento de identificação (CPF ou RG, preferencialmente) e um atestado que comprove a doença, emitido no máximo há dois anos, com assinatura e número CRM do médico responsável.
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Os interessados em realizar o cadastro também devem fornecer um número de telefone, pois a Unidade Básica de Saúde (UBS) fará o contato ao final do dia informando que a pessoa poderá comparecer quando e se houver doses remanescentes de vacinas. As inscrições devem ser feitas presencialmente, nas próprias UBSs. São consideradas comorbidades doenças cardiovasculares, diabetes, pneumopatias crônicas, cirrose hepática, obesidade mórbida e hipertensão, entre outras (clique aqui para ver a lista completa).
Prazo de validade
Cada uma das vacinas aplicadas no Brasil contra a covid-19 — CoronaVac, Oxford/AstraZeneca e Pfizer/BioNTech — tem prazos de validade específicos após a abertura, dependendo de cada laboratório. No caso da CoronaVac, cada frasco rende dez doses e tem validade de até 8 horas.
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A vacina da Oxford também rende dez doses, mas a validade mudou desde que o fabricante fez algumas alterações na bula do imunizante — até então, era de 6 horas, mas agora passou para 48. A vacina da Pfizer rende dez doses e pode ser aplicada em até 6 horas.
Exatamente em função do prazo de validade maior, a vacina da Oxford não tem mais sido utilizada na “xepa” na maioria dos postos de saúde, pois pode ser aplicada normalmente no dia seguinte. Via de regra, as doses que sobram são as da CoronaVac. Mas cada município adota regras específicas, motivo pelo qual as autoridades sanitárias recomendam que os interessados entrem em contato com as UBSs antes de se deslocar para as unidades em busca das doses que sobraram.
Até esta sexta-feira, 28, segundo dados do governo do Estado de São Paulo, a capital paulista já havia aplicado 4.716.603 doses de vacinas contra a covid-19 (3.213.171 primeiras doses e 1.503.432 segundas doses). Em todo o Estado, foram aplicadas 16.207.168 doses (10.790.622 primeiras doses e 5.416.546 segundas doses).
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