(J. R. Guzzo, publicado no jornal Gazeta do Povo em 28 de janeiro de 2021)
Num mundo que tem 200 países, certamente não anima ninguém ficar entre os vinte ou trinta com o pior desempenho em alguma coisa. A questão muda de cara, porém, quando se vê quem está na lista. Se estão ali os países mais bem sucedidos do planeta, como potência econômica, competência administrativa dos governos e bem estar social, e se a maioria deles apresenta números piores que os do seu próprio país, então é preciso pensar na situação toda com um pouco mais calma.
O Brasil, segundo os dados mais recentes, está em 26º lugar entre os países com o maior número de mortes por 1 milhão de habitantes por causa da covid-19 — uma posição que oscila com frequência segundo as estatísticas diárias. Seria muito melhor, é óbvio, que estivesse entre os 26 que têm menos mortos “per capita”. Mas fica complicado persistir na crença de que o Brasil é um exemplo mundial de incompetência e de descaso oficial diante da epidemia quando sociedades muito mais bem resolvidas que a nossa estão em situação pior.
Estão à frente do Brasil, na relação de países com mais mortos por milhão, a Itália, Inglaterra, Espanha, França, Suécia, Suíça e Portugal, por exemplo — todos com números acima das mil e poucas mortes diárias que estão sendo registradas por aqui. Há menos mortos no Brasil, relativamente, que no país mais poderoso do mundo, os Estados Unidos — eles ocupam o quarto lugar da lista — e na Rússia. Na América Latina, os dois principais países, México e Argentina, estão com números piores que os brasileiros.
Nada disso é consolo algum para as famílias brasileiras que já perderam mais de 200 mil pessoas queridas em consequência covid-19. É preciso notar, igualmente, outros números: a Índia, por exemplo, tem 1 bilhão e 400 milhões de habitantes, ou sete vezes mais que o Brasil, e um pouco acima de 150.000 mortos. Além disso, a taxa brasileira já foi melhor do que é.
Mas também é fato que os Estados Unidos, e sobretudo os países da Europa que estão acima do Brasil na relação de mortos por 1 milhão de habitantes, têm a reputação de oferecerem os melhores serviços de saúde pública do mundo; são citados todos os dias como exemplos de sucesso social. Se eles têm números piores que os nossos, é preciso explicar, então, porque seus governos não estão sendo acusados de genocídio.
No ambiente de histeria que foi criado em torno da covid-19, observações como essa são classificadas automaticamente como “negacionistas” – ou, dependendo do grau de irritação de quem está ouvindo, como “bolsonarismo” explícito ou sugerido. Não é negacionismo, nem bolsonarismo – é apenas aritmética.
Outro dado muito mais significativo que esse é: a taxa de mortalidade do Covid-19 no Brasil, em 2020, ficou abaixo de 0,1% em comparação a seus habitantes. No mundo bem menos que isso. Que pandemia é essa que tem uma taxa de mortalidade tão baixa?
Se a pandemia estivesse sendo totalmente gerenciada pelo Governo Federal, não tenho dúvidas que a nossa situação nesse quadro seria muito melhor.
Concordo com o artigo , até porque apresenta dados estatísticos reais e irrefutáveis. A discussão atual entretanto, é sobre a performance desses mesmos países na busca e compra da vacina ; na antecipação do planejamento logístico para aplicá-la ;e na condução coordenada , célere e eficaz do processo de imunização. Também não vislumbra-se nesses países – talvez com exceção aos Estados unidos- uma politização das vacinas que conseguisse atrapalhar o avanço da imunização com guerras ideológicas entre as esferas de Governos locais.
Perfeito. Mais claro impossível.
Parabéns mestre Guzzo, é muito importante que nos transmita neste artigo, as desinformações que os grandes meios de comunicação divulgam na tentativa de derrubar o governo Bolsonaro. Entre esses meios destaco o Estadão que parece disputar com a Folha, a liderança da imprensa do ódio a Bolsonaro. Os editoriais assim como artigos de decadentes e esclerosados tucanos (já fui) infestam 98% da composição diária de seu noticiário, a exceção dos teus artigos, do professor Carlos A,Di Franco, e eventualmente do grande jurista Ives Gandra Martins. Que pluralidade de opinião necessária nos regimes democráticos é essa para um saudoso Estadão de outrora? Isso não é autoritário e antidemocrático meio de incendiar a sociedade?
Mestre Guzzo, penso que é muito importante a boa imprensa começar a divulgar a necessária implantação do VOTO IMPRESSO, para que em 2022, nem Bolsonaro ou Lula nem Boulos ou Ciro tenham quaisquer argumentos contra as urnas eletrônicas. É a única forma de AUDITAR e RECONTAR urnas eletrônicas e evitará graves conflitos, porque calará os descontentes.
Infelizmente vivemos uma histeria coletiva onde a racionalidade foi totalmente ignorada. Fico feliz e com a esperança rejuvenescida quando leio as opiniões de jornalistas como o J.R. Guzzo, Constantino, Alexandre Garcia, etc. Enquanto essas vozes não forem caladas, haverá sempre uma luz no fim do túnel.
Faço minhas suas palavras e acrescento à lista os jornalistas de “os pingos nos is” da Jovem Pan.
Parabéns pela análise extremamente sóbria e imparcial.
Lamento que ao menos um parte “da grande imprensa” não siga está linha.
Teríamos um contra ponto.
Forte abraço e mais uma vez parabéns…
A politização em torno dessa doença fez as pessoas perderem o bom senso.É muito triste termos mais de 200.000 mortos,perdi amigos para esta doença,mas é necessário comparar com o q está acontecendo em outros países e veremos q estamos enfrentando com eficiência essa pandemia.