A vacinação contra a covid-19 das pessoas com comorbidades, que atingem cerca de 17,7 milhões de brasileiros de 18 a 59 anos, conforme estimativas do governo federal, provocou uma busca por atestados médicos. Suspeitas de fraudes estão sendo investigadas no Amapá e Paraíba, mas casos de pessoas tentando furar a fila da imunização têm sido relatados também em outros Estados.
No Rio de Janeiro, o prefeito de Barra Mansa, Rodrigo Drable (DEM), contou ter recebido denúncias de atestados e laudos falsos, sendo que parte delas teria vindo de médicos que se recusaram a fornecer os documentos indevidamente, mas souberam depois que um colega acabou fazendo o oposto.
No Pará, uma médica que trabalha na rede pública relata que muita gente se aproveita do fato de ser recém-formada e pede receitas de medicamentos para comorbidades e até mesmo atestados: “A procura aumentou depois que liberaram a vacinação para pacientes que têm comorbidades”. Ela conta que colegas já receberam proposta em dinheiro para fornecer laudos.
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No Estado de São Paulo, a prefeitura de Marília informou que moradores da cidade apresentaram receitas de familiares ou falsificadas para conseguirem ser vacinados contra o novo coronavírus. Em Sorocaba, no interior do Estado, um cardiologista relatou que uma paciente, alegando que precisava ser vacinada, pediu um atestado para uma doença que não possui. Insatisfeita com a negativa, ela disse que esperava que ele fosse “mais amigo” e que procuraria um médico “mais compreensivo”. Relatos parecidos também têm sido postados em redes sociais, noticiou o jornal O Estado de S. Paulo.
Em comunicado, a coordenadora de imunização de Marília, Juliana Bortoletto, afirmou que: “Estamos com uma equipe capacitada para analisar essas informações”. Já a Secretaria da Saúde de São Paulo vai realizar o monitoramento dos registros profissionais dos médicos que assinam os documentos: “No sistema Vacivida há um campo para o CRM de quem assina o laudo de comorbidade. Se percebermos, por exemplo, 300 laudos com o mesmo CRM e o mesmo código de doença, vamos alertar o conselho”, afirmou a coordenadora do Programa Estadual de Imunização SP, Regiane de Paula.
No Amapá e na Paraíba, os Ministérios Públicos estaduais e o Federal instauraram procedimentos que continuam sob apuração. Os detalhes não foram divulgados. A prefeitura de João Pessoa (PB), anunciou na semana passada que passaria a imunizar apenas aqueles que apresentem laudos médicos para comorbidades. Uma cópia fica no posto, que será encaminhada para apuração por uma comissão municipal e órgãos de fiscalização.
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