As “Big 4” não conseguem contratar contadores qualificados
Um bom exemplo de como as deficiências na educação brasileira produzem consequências diretas no mercado de trabalho é a dificuldade que as chamadas “Big Four” têm para contratar contadores qualificados. As quatro grandes companhias de auditoria e consultoria — Deloitte, PricewaterhouseCoopers, Ernst & Young e KPMG — não conseguem preencher 900 vagas de contadores em razão do desempenho insatisfatório dos candidatos nos testes de seleção.
Aqueles que se apresentam são capazes de executar tarefas técnicas, mas não dominam minimamente a língua portuguesa a ponto de escrever uma boa redação — condição indispensável para a seleção. Como resultado, as empresas reorganizaram seus times, distribuindo um volume maior de tarefas aos atuais funcionários, tendo como irreversível o quadro atual. Chegaram a desistir de fazer seleções, dada a constatação de que o nível de qualificação dos candidatos será inequivocamente inferior ao necessário.
Eis mais um fato que corrobora a percepção da sociedade de que a educação brasileira é extremamente precária. O país enfrenta níveis dramáticos de desemprego, da ordem de 13% da força de trabalho economicamente ativa, e muitas empresas não conseguem encontrar profissionais qualificados.
Esse Gap na educação se manifesta em todas as áreas, chegando a ser torturante nas empresas de prestação de serviços. Perguntem a um responsável pela seleção de um enfermeiro num hospital, por exemplo. É triste!
E, infelizmente, não só os contadores estão com a escrita defasada. Os jornalistas também.
Os textos da Revista Oeste são muito bem escritos. De nível superior ao de seus pares, tanto de esquerda quanto de direita.
Isso só mostra que mesmo que estudou em escola particular, tem uma educação precária. A pessoa passa de ano na base de recuperação, segunda época, colando ou os pais pressionando a direção,mas o resultado é esse. Temos gerações de lacradores que sabem muito bem discutir transfobia, participar de oficinas de feminismo, lutar pela liberação da maconha, mas não são capazes de serem bons de português e matemática.