Um homem que entrou na Justiça do Trabalho para cobrar de um grupo empresarial, no Espírito Santo, o reconhecimento de vínculo de emprego terá de pagar uma multa de R$ 836,5 mil, segundo a Folha de S.Paulo.
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Ele prestou serviços para o grupo durante 22 anos, diz o jornal. Ao entrar com a ação, sua expectativa era receber R$ 3,2 milhões, com um salário médio de R$ 137,3 mil e verbas rescisórias.
No momento em que perdeu a ação, em novembro de 2023, ele foi condenado a pagar os honorários do advogado da empresa processada, as custas e ainda foi multado por litigância de má-fé (situação em que o juiz vê deslealdade ou protelação inadequada no início ou na condução da ação). Somente a multa para essa litigância foi fixada em R$ 325,2 mil.
A decisão foi do juiz Geraldo Rudio Wandenkolken, da 1ª Vara do Trabalho de Cachoeiro do Itapemirim. O valor de R$ 836,5 mil vale para o caso de ela ser mantida, segundo o jornal.
O juiz considerou que o autor da ação requereu indevidamente o benefício da Justiça gratuita. Na decisão, Wandenkolken escreveu que “o autor é um grande empresário, com recebimento de mais de R$ 100 mil mensais”.
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Também ressaltou que o autor da ação sabia “que nunca foi empregado da empresa ré, mas, ao contrário, mantinha relações comerciais”.
A defesa do prestador de serviços recorreu ao Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região (TRT-17), na qual o recurso foi admitido. A Folha não conseguiu contato com os advogados das partes.
O argumento do autor para o pedido de benefício da Justiça gratuita é que ele está desempregado. Ele disse que trabalhou com “pessoalidade, exclusividade, habitualidade, onerosidade e subordinação”, todos requisitos previstos na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) para a caracterização do vínculo de emprego.
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Também afirmou que, até dezembro de 2022, cumpriu expediente na empresa, tinha sala própria, crachá, cartão de visita, e-mail corporativo e ramal próprio. O contrato firmado com o grupo empresarial era com outra empresa, com função de pessoa jurídica do prestador de serviços.
Contrato entre empresas
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Desde 1997, mais de dez contratos foram assinados com mais de uma empresa do autor da ação. Segundo ele afirmou, tais empresas nunca tiveram funcionários.
O grupo processado disse que a relação com o prestador sempre ocorreu por meio do contrato com empresas que ele tinha e que durou até dezembro de 2022, momento em que o grupo entrou em recuperação judicial.
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Para a companhia, prossegue a Folha, as empresas do autor são sociedades limitadas plenamente ativas no mercado.
Já o juiz que analisou o pedido considerou que o valor da remuneração média, de R$ 137,3 mil, “é indício suficiente de que não ocorreu uma relação de emprego tradicional, mas uma verdadeira relação comercial”.
Na reforma trabalhista, de 2017, foi criada a possibilidade de o trabalhador que vai à Justiça do Trabalho ser condenado a pagar os honorários do advogado da parte contrária em caso de derrota.
Se os nomes das partes não são divulgados, qual a razão da matéria. Esse tipo de processo é rotina da Justiça do Trabalho.
Grande dia!!