No dia 1º de julho de 1974, o então presidente do Brasil, Ernesto Geisel, assinou a fusão dos Estados do Rio de Janeiro e da Guanabara. A unificação das partes era um desejo pessoal do chefe do Executivo.
Apesar de o ato ser um marco na história do país, não houve uma sessão solene em Brasília. À época, o regime militar declarou luto oficial pela morte do então presidente da Argentina, Juan Domingos Perón.
Além disso, a população estava em clima de festa por causa da vitória da Seleção Brasileira na Copa do Mundo, contra a própria Argentina, um dia antes.
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Antes da junção dos Estados, Guanabara tinha uma única cidade: o Rio de Janeiro. O município havia perdido o posto de capital federal para Brasília em 1960.
Do outro lado, o Estado do RJ era composto de 64 cidades. A capital era o município de Niterói — atualmente, com mais de 500 mil habitantes.
O antecessor de Geisel, Emílio Garrastazu Médici, inaugurou a ponte Rio-Niterói cerca de 11 dias antes da troca na cadeira presidencial. A construção foi um sinal de que a fusão aconteceria em breve.
A estruturação do Estado do Rio de Janeiro
A junção dos Estados foi rápida e politicamente alinhada. A lei garantiu que, a partir do mês de março de 1975, as duas partes passariam a ser uma só. Ela unificou orçamentos, polícias, servidores, assembleias legislativas, tribunais de Justiça e os 4 milhões de habitantes de cada lado.
O relatório da Federação das Indústrias da Guanabara (Fieg) reforçou o projeto de unificação dos Estados no fim da década de 1960. O documento mostrou que a unidade havia arrecadado três vezes mais que o Rio de Janeiro.
Especialistas da época afirmaram que o objetivo da fusão era impor ao Estado do RJ o estilo de administração do regime militar. Em 1974, por exemplo, foi criada a Empresa Nuclear Brasileira (Nuclebrás). A primeira usina começou a operar comercialmente em 1985.
“A fusão possibilitou unidade administrativa onde seria alocado grande investimento nuclear”, afirmou Helio de Araujo, professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), ao jornal Folha de S.Paulo. “Com a fusão, o antigo estado do Rio entrou com o território, e a Guanabara entrou com o cérebro no projeto.”
Floriano Peixoto Faria Lima foi o primeiro governador da unidade federativa. Ele foi presidente da Petrobras, oficial da Marinha e recebeu aprovação da cúpula das Forças Armadas para exercer o cargo.
Penso que se voltássemos a ser o estado da Guanabara, o Rio teria chances de sobrevivência, ante à corrupção e violência…