Um estudo lançando nesta quinta-feira, 29, pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em parceria com o Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec) Educação constatou que o total de crianças e adolescentes sem acesso à educação no Brasil saltou de 1,1 milhão em 2019 para 5,1 milhões, no ano passado.
A pesquisa se baseou em diferentes pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Foram utilizadas a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), até 2019, e a Pnad Covid-19, referente ao ano passado. Não existem dados de 2020 sobre as crianças de 4 e 5 anos, o que pode fazer crescer ainda mais o número de excluídos.
Em 2019, 1,1 milhão de crianças e adolescentes, com idade entre 4 e 17 anos, estava fora da escola. Já no ano passado, o total de crianças entre 6 e 17 anos que estava fora da escola ficou em 1,5 milhão. Algumas das causas que fizeram com que esse número subisse ainda mais foram a dificuldade no acesso à internet e à tecnologia e a suspensão das aulas presenciais. Acrescidos a ele, 3,7 milhões de estudantes de 6 a 17 anos matriculados em estabelecimentos de ensino não conseguiram aprender em casa, pois não tiveram acesso a nenhuma atividade escolar impressa ou digital.
“O Brasil vinha avançando no acesso à educação e com redução progressiva da exclusão escolar. Com a pandemia, nesse progresso, que foi alcançado nos últimos anos, de repente, vemos uma volta atrás”, afirma a representante do Unicef no Brasil, Florence Bauer.
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Cerca de 70% daqueles sem acesso à educação são pretos, pardos e indígenas (de acordo com a classificação do IBGE). As regiões Norte e Nordeste, especialmente nas áreas rurais, possuem os maiores percentuais de crianças e adolescentes sem aulas, com 28,4% no Norte e 18,4% no Nordeste. De acordo com Dutra, “o principal grupo a ser atingido é exatamente o grupo que a gente já tinha praticamente zerado a exclusão escolar”. Ele se refere aos 41% de crianças e adolescentes fora da escola com idades entre 6 e 10 anos, idade em que aprendem a ler e a escrever. A segunda faixa etária é a 15 a 17 anos, com 31,2% sem aulas, e a terceira, de 11 a 14 anos, com 27,8% de excluídos.
“Estamos fazendo um alerta, como diz o título do estudo [Cenário da Exclusão Escolar no Brasil – um Alerta sobre os Impactos da Pandemia da Covid-19 na Educação]. Se a situação continuar como está, a gente volta 20 anos nos nossos avanços de acesso à escola. É muito preocupante”, diz o chefe de Educação do Unicef, Italo Dutra.
Para reverter a exclusão, a pesquisa faz recomendações que vão desde a busca ativa de crianças e adolescentes que estão fora da escola e garantir acesso à internet a todos, a realizar campanhas de comunicação comunitária. A medida mais urgente, de acordo com Bauer, seria reabrir as escolas, seguindo protocolos de segurança e acompanhando a situação de cada localidade, interrompendo as aulas presenciais quando fosse necessário, e adotando metodologias como a híbrida, misturando ensino remoto e presencial.
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Com informações Agência Brasil