O megatraficante Dom, que na semana passada conseguiu fugir usando um helicóptero numa fazenda localizada na fronteira entre Mato Grosso do Sul e o Paraguai, coordena uma sofisticada organização criminosa paramilitar a serviço do tráfico de drogas.
O grupo é composto de paramilitares brasileiros, incluindo um sargento da tropa de elite da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul e ex-militares; neonazistas; um dono de estande de tiro; e estrangeiros com experiência em conflitos internacionais.
De acordo com um diálogo obtido pela revista Piauí, em 2021, Dom chegou a comandar mais de 120 homens armados na fronteira entre o Brasil e o Paraguai.
A milícia formada por Dom fazia sua segurança e das drogas que transportava. Segundo a Polícia Federal (PF), todos têm cursos nacionais e internacionais na área de segurança privada e em operações militares.
A PF suspeita que os estrangeiros já tenham atuado em conflitos no exterior e como seguranças contra piratas.
Quem é Dom?
Antônio Joaquim Mota, conhecido como Dom ou Motinha, fugiu um dia depois de a Operação Magnus Dominus ser deflagrada pela Polícia Federal. O traficante escolheu ser apelidado de Dom em referência ao clássico filme O Poderoso Chefão, que conta a história do mafioso Dom Corleone.
Segundo a CNN Brasil, o criminoso assumiu o comando de um negócio que está na família há pelo menos três gerações. A família já atuou no contrabando de cigarros, aparelhos eletrônicos e agora se especializou no tráfico de cocaína.
A droga viria da Bolívia e da Colômbia, transportada até o Paraguai e, de lá, seguiria de helicóptero para São Paulo e Paraná, onde era conduzida para os portos de Santos (SP) e de Itajaí (SC).
Em novembro de 2019, Mota foi preso em uma das fases da Operação Lava Jato. A quadrilha dele teria ocultado mais de US$ 20 milhões em contas nas Bahamas e no Paraguai.
Fontes no Ministério da Justiça dizem que a informação de que o traficante seria preso teria vazado pela polícia paraguaia. No entanto, os paraguaios negam.
Os criminosos
Durante a operação, foram presos seis suspeitos — apesar da fuga do alvo principal, Dom. Outros cinco conseguiram fugir. Eles foram identificados através de imagens cedidas ao portal G1.
Saibam quem são os presos:
- Ygor Nunes Nascimento
Terceiro-sargento da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, estava lotado no Departamento de Operações de Fronteiras, tropa de elite da corporação que atua na região de fronteira.
- Jefferson Gustavo Correa Honorato
Ele é militar da reserva. Foi candidato a vereador nas eleições de 2020, na cidade Santa Luzia, em Minas Gerais. Participou de competições de tiro esportivo e foi preso em Belo Horizonte.
- Luís Guilherme Chaparro Fernandes
Ele é conhecido como Lugui. Aparece como sócio-administrador de um escritório de arquitetura e móveis, em Ponta Porã.
- Iuri Silva de Gusmão, conhecido como Légio
Aos 18 anos, foi acusado de ser integrante de um grupo neonazista que agredia homossexuais, negros, moradores de rua e outras minorias em Belo Horizonte (MG).
- Wanderlei Cunha Júnior, conhecido como Yamma
Ele se apresenta em redes sociais como ex-militar. Diz que tem Certificado para Serviços de Proteção em Ambientes de Alto Risco como Empreiteiro Militar Privado, Operador de Proteção Corporativa, Atendimento Tático de Vítimas de Combate e Operador de Segurança Marítima.
- Victor Gabriel Gomes Guimarães Romeiro
É sócio-administrador da empresa Tigre Clube e Escola de Tiro, em Contagem, Minas Gerais.
Foragidos
- Alberto Florisbal Schonhofen
Já foi conselheiro tutelar e trabalhou com escoteiros em Charqueadas, no Rio Grande do Sul. Aparece nos registros da Receita Federal como titular de uma empresa de comércio varejista de cosméticos.
- João Paulo Torres Veiga
Conhecido como Checheno, tem uma empresa de cobranças e informações em Minas Gerais (MG)
- Giorgio Otta
O italiano expõe nas redes sociais fotos com armas.
- Nikolaos Kifanidis
É grego e especialista em segurança pessoal. Nas redes sociais, apresenta-se como “operador” altamente qualificado para proteção individual.
- Musat Corian Martel
É romeno.