Os observadores mais atentos já devem ter notado que a maioria dos voos internacionais de longa distância que saem do Brasil costuma decolar no período noturno. Mas por quê? Isto não é mera coincidência, porque há uma estratégia adotada pelas empresas de aviação a fim de melhorar a distribuição dos passageiros em seus destinos. É uma questão sobretudo de logística.
O grande segredo está nas conexões
Poucos aeroportos concentram a maioria dos voos oriundos das várias regiões do país. Assim, a partir destes centros de distribuição são feitas as conexões com outros voos das empresas de transporte aéreo. A maior parte das conexões ocorre pela manhã, por isso há a recomendação para que o passageiro saia de noite do país de origem — no caso, o Brasil.
As grandes companhias aéreas alegam que tal concentração da máxima quantidade de voos em um mesmo local — e em horários próximos — pode ajudar na economia das despesas, e ainda aumenta a oferta de rotas. Dany Oliveira, diretora-geral da Iata (International Air Transport Association —Associação Internacional de Transporte Aéreo), disse que —no caso do Brasil, tal estratégia é aplicada principalmente para destinos na Europa e nos Estados Unidos.
Dinâmica noturna
Em 2019, 37 mil voos internacionais saíram do Aeroporto de Guarulhos, o maior da América do Sul, de acordo com os dados da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). Ainda segundo o órgão estatal, aproximadamente 22 mil destes voos foram realizados à noite, entre 18h e 6h, o que representa quase 60% das decolagens.
![voos à noite](https://medias.revistaoeste.com/qa-staging/wp-content/uploads/2023/07/Saopaulo_aerea_aeroportocumbica.jpg)
Porém, se considerados somente os voos de longa distância diretos para fora da América do Sul, Guarulhos teve quase 20 mil decolagens em 2019, das quais cerca de 14 mil foram à noite — o que representa 70% do total. Ainda segundo a Anac, Guarulhos é o principal polo de voos na região, por isso não é comum haver voos noturnos no continente sul-americano.
Performance
Há ainda um fator da física que implica na quantidade de voos noturnos: o desempenho dos aviões. À noite, o ar tende a ser mais frio, o que pode melhorar as condições ideais para a decolagem das aeronaves — este fator, porém, não é determinante. O ar mais frio é também mais denso, fator que maximiza a eficiência dos voos.
Um outro elemento que faz com que o número de voos noturnos seja maior é a possibilidade de maximizar o descanso dos passageiros. Voando à noite, os clientes das companhias aéreas podem descansar melhor — e também chegar mais cedo aos destinos.