Antes do coronavírus desembarcar no Brasil, o país tinha 105 mil lojas em 577 shoppings, com 1,5 milhão de empregos diretos. Agora, 13,2 mil estabelecimentos nos centros comerciais estão fechados e 140 mil pessoas demitidas, conforme o mais recente levantamento da Associação Brasileira de Lojistas de Shoppings (Alshop). A Revista Oeste entrevistou o diretor-institucional da Alshop, Luis Ildefonso, que analisou o cenário. Segundo ele, os shoppings poderiam estar funcionando porque conseguiram se adaptar à epidemia e demonstraram respeito às medidas sanitárias contra o vírus chinês. Eis os principais trechos da conversa:
Qual a situação hoje dos shoppings em razão dos sucessivos fechamentos? É possível mensurar quantas lojas já fecharam e quantas pessoas ficaram desempregadas?
A contragosto, os shoppings têm se adaptado aos fechamentos. Zelamos pela saúde, mas gostaríamos que eles pudessem funcionar, ainda que num horário reduzido, de modo a evitar a mortalidade das lojas. Os centros comerciais têm rígidos protocolos de segurança e já demonstraram que, dentro de seu ambiente, não há aglomerações, tampouco propagação do coronavírus. Restrições ao comércio não podem ser prolongadas por muito tempo porque fazem sucumbir a economia. Segundo o nosso mais recente levantamento, 12% das lojas de shoppings fecharam. Aproximadamente 14 mil encerraram suas atividades no Brasil e cerca de 120 mil colaboradores deixaram de trabalhar. Essa é a realidade do setor.
Quanto tempo vai levar para os lojistas saírem da crise?
É difícil dizer. A variável, que é o coronavírus, não tem previsibilidade. Inicialmente, falava-se que os shoppings chegariam ao patamar de “quase normalidade” depois do Natal deste ano. Isso, entretanto, não é válido hoje. A Alshop ainda está mensurando os impactos das novas medidas de restrição. Um novo levantamento será publicado em breve.
Quais medidas a Alshop está tomando com a finalidade de proteger os lojistas?
Para que as lojas tivessem fôlego, fomos em busca de financiamentos federais, no BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social], e estaduais, no Banco do Povo, além do programa Desenvolve São Paulo. Recentemente, o governador João Doria (PSDB) aumentou os volumes de empréstimos com taxas convenientes e mais tempo para pagar. Nessas atividades, a Alshop participa firmemente, até na elaboração das categorias de financiamento.
Como o setor que o senhor representa pode se reinventar para sobreviver ao surto de covid-19?
Antes da pandemia, os shoppings brasileiros já vinham se transformando ao diversificar o mix de serviços. De algum tempo para cá, cresceu nos centros comerciais a quantidade de clínicas odontológicas, escolas de línguas e até faculdades. Há, também, negócios de costura, de assistência técnica, entre outras, sem falar nas academias. São fatores que contribuem para o crescimento dos shoppings, por atrair gente, e devem ajudar na retomada econômica.
O governador João Doria estabeleceu a fase emergencial do Plano São Paulo. A Alshop estuda recorrer à Justiça?
Não. O que nós estamos fazendo é manter contato com as autoridades, enviando ofícios a governadores, por exemplo. No caso do Estado de São Paulo, o diálogo tem sido feito com a secretária estadual de Desenvolvimento Econômico, Patrícia Eller. Mostramos as qualidades que os shoppings têm: praticamente zero de contaminações pelo coronavírus e os protocolos sanitários que usamos, feitos pelo Hospital Sírio-Libanês; são um dos melhores do Brasil, tanto que nossas medidas de segurança servem de exemplo para vários países. Não temos uma ação na Justiça porque é direito do Estado fazer o que está fazendo, ainda que seja contra a nossa vontade. É o que a Constituição permite a eles.
Leia também: “A moralidade dos mercados”, reportagem publicada na Edição 53 da Revista Oeste
Ditadória faz o que quer em São Paulo. Ele está destruindo o estado mais rico do país,
Os comerciantes dos shoppings estão bem representado, somente enviam ofícios em mantém contato direto com a secretária estadual de SP. Estão satisfeitos com os resultados!!