Os traficantes da Favela da Rocinha, na zona sul do Rio de Janeiro, faturam pelo menos R$ 12 milhões por mês com extorsões e venda de drogas.
Parte considerável do dinheiro é obtida por meio das taxas impostas a estabelecimentos legais, como bares, restaurantes, lojas de roupas, galpões de festas e salões de beleza.
Somente com a taxa semanal de R$ 150 cobrada dos mais de 2 mil mototáxis, os traficantes arrecadam mais de R$ 300 mil. Em um mês, o valor chega a quase R$ 1,3 milhão.
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Já a cooperativa de vans tem de desembolsar R$ 930 por semana por veículo. São 60 vans, o que rende aos bandidos R$ 223 mil mensais. Segundo o jornal O Globo, a Polícia Civil estima que os criminosos faturam até R$ 12 milhões por mês com todas as fontes de recursos. A maior quantidade vem das extorsões e da venda de drogas.
Negócios da Rocinha têm preços com inflação
Para reforçar seu orçamento, os criminosos da Favela da Rocinha cobram R$ 140 em um botijão de gás. Já no bairro carioca Engenho Novo, na zona norte, o mesmo produto sai por R$ 100. Em Ipanema, zona sul do Rio, o valor é de R$ 110.
O sinal clandestino de TV a cabo, o “gatonet”, contempla 70% das casas. Ele sai a R$ 100 mensais por família. Os planos mais baratos de internet custam R$ 99.
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De acordo com o Censo 2022, do IBGE, na Favela da Rocinha moram 67 mil pessoas, isto é, 2,8% abaixo da população de 2010. Segundo apuração do Globo, de 2023 para 2024, houve um aumento de cerca de 20% nas taxas impostas pelos bandidos.
O medo dos moradores impede as denúncias. Em todo o ano passado, foram apenas 11 registros de extorsão na área da 11ª DP (Rocinha). Desde 2014, foram 38 casos na região.
Rocinha fatura milhões com venda de drogas, ‘hospedagem’ e construção civil
Na Favela da Rocinha, os negócios se expandiram. A estimativa dos investigadores é que o faturamento dos traficantes, com todas as atividades ilegais, gira em torno de R$ 10 milhões e R$ 12 milhões por mês. O orçamento inclui a venda de armas e a “hospedagem” de bandidos de outros Estados, como Goiânia, Ceará, Espírito Santo e Manaus.
Desse total, de R$ 2 milhões a R$ 3 milhões seriam obtidos com venda de drogas, o que representa 25%.
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O faturamento também vem de festas e do mercado de construção civil. Isso porque os criminosos constroem prédios com mais de três andares, além de quitinetes e casas de mais de um quarto.
Os comerciantes legais não conseguem concorrer com o grupo que domina a região. Somado a isso, o tráfico da Rocinha também impõe a compra de água mineral de um único distribuidor.
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Hoje, a Rocinha é controlada por John Wallace da Silva Viana, o Johny Bravo, do Comando Vermelho. Ele é braço direito de Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, chefe do Vidigal e da Rocinha. Este último cumpre pena em presídio federal.
As autoridades do Rio de Janeiro reforçam a necessidade de registro das denúncias para ajudar nas investigações e na análise das manchas criminais.
Os policiais recomendam fazer denúncias pela Central 190, pelo aplicativo RJ 190 ou pelo Disque-Denúncia, em que se garante o anonimato do denunciante. Em nota, a Polícia Civil afirmou que a 11ª DP (Rocinha) tomou conhecimento das denúncias de extorsão nas redes sociais e vai analisar os fatos para responsabilizar os envolvidos.
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