Círculo do Medo (Cape Fear) foi lançado em 1962 com a fama de ser um drama chocante demais no seu tom opressivo. Com roteiro de James R. Webb e direção de J. Lee Thompson, mostra a história de um criminoso (Robert Mitchum) que sai da cadeia disposto a se vingar de um advogado (Gregory Peck), responsável direto pela sua condenação.
O personagem de Mitchum é realmente perturbador. Ele é sádico e ao mesmo tempo malandro, difícil de ser interrompido em seu plano de vingança. Seu alvo é a família do advogado, especialmente sua esposa e sua filha adolescente. O clima noir vai ficando mais pesado a cada minuto. O clima de sufoco provocou na época um corte de seis minutos na versão britânica pela censura.
Em 1991 o diretor Martin Scorcese resolveu fazer a sua versão, com Nick Nolte no papel do advogado e Robert De Niro como o vilão. Usou duas atrizes consideradas “símbolos sexuais” como a esposa (Jessica Lange) e a filha (Juliette Lewis) para aumentar a tensão erótica do filme. O resultado não é ruim, mas ficou meio obvio e caricatural. Robert Mitchum dava medo com seu olhar malicioso. De Niro aparece todo tatuado e dá demonstrações pouco sutis de sua maldade.
Tudo bem que são épocas diferentes, mas a versão de Scorcese faz algo mais perturbador. Ele transforma o advogado Sam Bowden num idiota, uma caricatura de conservador, defensor da própria família, como se isso fosse motivo de ridículo. De Niro não aparece propriamente como um herói, mas é pintado como um personagem muito mais interessante do que o tedioso advogado vivido por Nick Nolte. É quase como se o diretor torcesse para o vilão.
A versão de 1962 está disponível para streaming no Oldflix. A versão de 1991 pode ser alugada pela AppleTV+.
assisti os dois e a versão de 1962 dá de 10 a zero na versão de 1991 inclusive a atuação dos atores