O ministro da Economia, Paulo Guedes, externou na noite desta terça-feira, 2, o que pensa sobre empresas mantidas pela União. Indo além da tese já propagada em outras oportunidades, de que “estatal boa é estatal que foi privatizada”, o homem forte das políticas econômicas do governo do presidente Jair Bolsonaro reclamou de algo que ocorre no Brasil: companhias tendo o Estado como controlador mas com ativos negociados na bolsa de valores.
“Não agrada ao mercado nem ao governo”
“Estatal listada em bolsa é uma anomalia, uma farsa”, enfatizou Guedes ao ser entrevistado pela rádio Jovem Pan. Ao participar do programa Os Pingos nos Is, ele respondeu a questionamentos feitos por Ana Paula Henkel e Guilherme Fiuza, colunistas da Revista Oeste. “Não agrada ao mercado nem ao governo. O governo quer que ela [estatal] tenha atos de responsabilidade social. Ao mesmo tempo, o mercado quer que ela maximize lucros, porque é da capacidade de gerar lucro que vêm os investimentos futuros e a rentabilidade”, afirmou. “São dois universos diferentes”, explanou o integrante do primeiro escalão do governo federal.
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Como exemplo de “anomalia”, o ministro citou a Petrobras. De acordo com Guedes, a petrolífera, que tem a União como acionista majoritário, mas precisa seguir determinadas regras específicas por ter ações negociadas diariamente na B3, foi alvo de ações criminosas em gestões anteriores. “A Petrobras foi assaltada à luz do dia durante dez anos, quase quebrou, e tinha governança”, afirmou o titular da Economia.
Recado do presidente
Ainda sobre a Petrobras, Paulo Guedes aproveitou a entrevista à Jovem Pan para declarar que enxerga como normal, do “ponto de vista político”, a decisão de Bolsonaro de nomear o general Joaquim Silva e Luna para o posto de diretor-presidente da estatal no lugar do economista Roberto Castello Branco. “O presidente tem o direito de encaminhar alguém”, declarou o ministro. “A decisão dele foi absolutamente compreensível”, prosseguiu. Nesse sentido, lembrou que o mandato de Castello Branco acabará neste mês.
Guedes ainda confidenciou que o presidente da República reforçou não ter a intenção de estatizar a Petrobras — pelo menos por enquanto. O mesmo vale para as duas instituições financeiras mantidas sob controle da União: Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal. Em relação às demais estatais, o ministro da Economia reforçou o interesse de repassá-las à iniciativa privada quanto antes. Eletrobras e Correios encabeçam a lista de prioridades das privatizações de Guedes.
Sinergia entre Poderes
Paulo Guedes foi entrevistado pela Jovem Pan no mesmo momento que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). Ao evitar criticar diretamente o antecessor de Lira no comando da Casa Legislativa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o ministro comemorou o fato de todo mundo estar “mais tranquilo” com a mudança. Dessa forma, registrou a crença de que o Congresso Nacional deve avançar no decorrer dos próximos meses com pautas de interesse do governo, como as reformas estruturais.
Mas a proposta de mudança nos Correios enviada ao Congresso é justamente transforma-lo em empresa de economia mista.
Com certeza, empresas de economia mista ou estatais, cuja finalidade seria facilmente suprida pela iniciativa privada, passam a ser joguetes de interesses espúrios do governo, perdem em eficiência, o que impõe um custo maior ao pagador de impostos, se tornam fontes de aparelhamento e focos dos parasitas sindicalistas.
Quando, como o caso da Petrobras, mais nocivo ainda por ser de monopólio!
O Guedes deve estar pagando alguma promessa, senão já tinha desistido dessa missão impossível!