Em entrevista ao programa Opinião no Ar, exibido nesta quarta-feira, 14, pela RedeTV!, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, defendeu a aprovação da reforma tributária, mas afirmou que a proposta apresentada inicialmente pelo governo gerou uma reação negativa forte e precisa de “ajustes”.
“O que as pessoas esperam de uma reforma tributária? Esperam, primeiro, pagar menos impostos. Segundo, é ter facilidade para trabalhar. Você não pode ter pedras no caminho de quem quer produzir”, afirmou Skaf. “Precisamos de uma reforma que melhore, barateie, agilize. A reforma que foi apresentada em relação ao Imposto de Renda (IR), em um primeiro momento, nitidamente desenvolvida pela Receita Federal, não fazia nada disso. Pelo contrário, até burocratizava, encarecia.”
Leia mais: “Guedes afirma que reforma tributária ‘não vai ter grande novidade’”
Para o presidente da Fiesp, que deixará o comando da instituição no fim deste ano, o relator da reforma tributária na Câmara, deputado Celso Sabino (PSDB-PA), pode melhorar o texto. “Ele fez uma apresentação ontem já com grandes modificações. Disse ele que houve um entendimento com o Ministério da Economia. Acredito, porque houve uma reação muito forte da sociedade. O presidente [Jair] Bolsonaro e o ministro Paulo Guedes têm o compromisso de não aumentar impostos. Existem ainda ajustes”, afirmou Skaf.
Entre as principais mudanças já anunciadas pelo relator, estão o aumento de 5% para 12,5% na redução da tributação do IR sobre as empresas, a retirada da taxação de 15% sobre os rendimentos de fundos de investimentos imobiliários, o fim da cobrança de imposto sobre dividendos quando o lucro é distribuído entre subsidiárias de uma mesma holding, a retirada da obrigatoriedade da apuração do IR pela sistemática do lucro real para construtoras e imobiliárias, entre outras.
Leia também: “Governo federal projeta alta de R$ 2,47 bi na arrecadação em 2022”
As alterações foram apresentadas na terça-feira 13 aos líderes partidários. O relatório ainda pode sofrer outras alterações. Se houver consenso, a expectativa é que o texto seja levado ao plenário da Câmara para votação em agosto.
“A reforma tributária é uma reforma complicada mesmo. Você não vai poder fazer com que todos fiquem felizes. Se cada um olhar o seu quintal, não vai haver reforma tributária”, disse Skaf. “Tem mudanças aí, tem muita discussão a ser feita.”
Leia mais: “Privatização da Eletrobras e reforma tributária estão no radar do setor de energia”
Segundo o presidente da Fiesp, “a burocracia encarece muito para quem trabalha e produz no Brasil”. “O Estado brasileiro é pesado. Ele custa caro.”
Candidatura
Durante a entrevista, o presidente da Fiesp falou também sobre a possibilidade de se candidatar novamente ao governo do Estado de São Paulo em 2022. Ele disputou o Palácio dos Bandeirantes três vezes (2010, 2014 e 2018).
Leia também: “Fiesp sob nova direção: saiba quem é o substituto de Skaf”
“Eu não posso negar que gosto da política. Na minha visão, a política é a melhor forma de você servir às pessoas. Só que o ambiente político passa por um momento muito conturbado. Estou refletindo, avaliando, observando”, afirmou. “Não nego ter participação nas eleições do ano que vem. Não sei qual participação, está cedo para definir. Mas, sinceramente, não estou no meu ânimo total porque a política, para quem quer entrar só para servir, tem custado caro.”
Sucessão na Fiesp
Skaf afirmou que está focado neste momento na transição na presidência da Fiesp. Ele será sucedido por Josué Gomes da Silva, eleito para o comando da entidade para o período entre janeiro de 2022 e dezembro de 2025. “Apoiei o candidato que foi eleito no dia 5 de julho com 97% do colégio eleitoral. Praticamente uma eleição unânime. É sempre bom uma renovação”, disse.
Leia também: “Josué Gomes da Silva é eleito presidente da Fiesp”
“Tenho como prioridade para este ano a transição para a nova diretoria que vai iniciar seu mandato a partir de janeiro”, prosseguiu Skaf. “Quero ter essa tranquilidade de nós ajudarmos o país a sair dessa pandemia e retomarmos o crescimento econômico.”