O carioca Juca Chaves, cujo nome de registro era Jurandyr Czaczkes Chaves, nasceu em 22 de outubro de 1938 na cidade do Rio de Janeiro. Filho de um casal judeu, pai austríaco e mãe lituana, sempre foi incentivado nas artes e, desde criança, já se dedicava à música erudita.
Aos 12 anos, já compunha modinhas que se tornaram bastante conhecidas, especialmente em seus shows de humor realizados por todo o país. Começou a carreira profissional em 1955, na TV Tupi, e chamava a atenção por um humor ácido e inteligente.
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Crítico do regime militar instaurado depois do golpe de 1964 e constantemente perseguido por ela, Juca Chaves se exilou inicialmente em Portugal e, depois, na Itália. Sua postura combativa e crítica lhe renderam, por parte do poeta Vinicius de Moraes, o apelido de “O Menestrel Maldito”, expressão que virou o título de um de seus trabalhos: O Menestrel do Brasil.
Semelhante ao bardo e ao trovador, o menestrel era o nome dado aos artista da Europa medieval que cantava canções enquanto tocava instrumentos musicais. Os menestréis interpretavam canções que contavam histórias de lugares distantes ou de eventos históricos, reais ou imaginários.
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Juca retornou ao Brasil no final da década de 1970, quando se tornou uma presença constante nos programas de televisão. De 1957 a 2001, lançou 23 discos, tanto de músicas quanto de seus shows de humor gravados ao vivo.
Em sua carreira, destacam-se músicas como Take Me Back to Piauí, A Cúmplice, Menina e Presidente Bossa Nova, em referência ao presidente Juscelino Kubitschek.
Juca Chaves e suas curiosidades
Apaixonado por carros, sua boa situação financeira lhe permitiu ter veículos muito desejados, com destaque para sua marca favorita, a inglesa Jaguar. Para promover seus shows, costumava brincar: “Venham ver o Juquinha e ajudem ele a comprar gasolina para o seu Jaguar”. Outra adaptação era comum: “Vá ao meu show e ajude o Juquinha a comprar o seu caviar”.
Fervoroso torcedor do São Paulo Futebol Clube, Juca compôs uma modinha dedicada ao time, que foi registrada em um compacto de vinil. O lado “A” trazia a música completa, cantada por ele, enquanto o lado “B” apresentava uma versão instrumental da marchinha.
Em 2006, aos 67 anos, Juca Chaves se candidatou ao Senado pelo PSDC da Bahia. “Os políticos brasileiros são todos iguais, falam as mesmas coisas, fazem as mesmas promessas, têm os mesmos defeitos”, disse, na época.
“Acho que o Bolsa Família é um excelente programa, deve ter continuidade, desde que as pessoas que recebem a merreca não tenham direito ao voto, porque é voto comprado”, declarou.
“Desta vez baiana gente, baiano de toda cor, o seu voto inteligente com justiça com amor, não será voto comprado, se tivermos no Senado, Juca Chaves senador”, dizia uma de suas marchinhas veiculadas no horário eleitoral daquele ano. No entanto, ele não foi eleito.
Juca Chaves morreu em 25 de março de 2023, aos 84 anos, em razão de problemas respiratórios. Ele ficou internado por duas semanas no Hospital São Rafael, em Salvador, onde morava havia algumas décadas. Deixou a mulher, Yara, com quem se casou em 1975, e as filhas adotivas, Maria Clara e Maria Morena.
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