O jornalista, político, escritor e Nobel de Literatura em 2010, Mario Vargas Llosa, publicou sua última coluna para o jornal O Estado de S. Paulo, neste domingo, 17. Aos 87 anos, ele anunciou sua aposentadoria como colunista.
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Nascido no Peru, Vargas Llosa começou sua carreira no jornalismo em 1959, na agência de notícias francesa Agence France-Presse (AFP). No Brasil, mantinha uma coluna para o Estadão e em diversas outras publicações espalhadas pelo mundo. Ele também escreveu por muitos anos para o jornal espanhol El País, para o qual dedica seu último texto.
Usando El País como exemplo de jornalismo verdadeiro, o escritor se despede com uma carta aberta aos jornalistas. Ele elogia o jornal por gerar “a grande revolução” no mundo das notícias, por meio de uma imprensa livre.
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“Esse seria o único conselho que eu daria aos jovens que estão começando a trabalhar como repórteres na imprensa diária: dizer e defender a verdade, independentemente de ela coincidir ou não com o que o jornal defende editorialmente”, escreveu Vargas Llosa, conforme o Estadão. “Acredito que o exemplo do El País se espalhou e, agora, embora haja exceções, essa é uma política mais ou menos geral, ou pelo menos uma tentativa de fazê-lo.”
O escritor também usou seu último artigo como colunista para explicar a importância de separar os fatos e acontecimentos das opiniões do veículo ou dos jornalistas. Segundo Vargas Llosa, nos jornais espanhóis era muito comum “misturar” os acontecimentos com as posições do veículo de comunicação.
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“Dizer a verdade nua e crua foi o grande sucesso do El País”, escreveu em seu último artigo. “Independentemente das opiniões que oferecia sobre os acontecimentos.”
Escritor recorda das diferenças editoriais com o El País
Mario Vargas Llosa recordou que nem todas as suas opiniões estavam alinhadas com a linha editorial do El País, mas que o empresário Jesús de Polanco, principal acionista do jornal espanhol, defendeu sua publicação.
“Alguns dias ou semanas mais tarde, quando dei a minha opinião sobre um assunto em que o jornal adotou uma linha diferente”, conta o escritor peruano. “Jesús de Polanco defendeu a minha posição contra a linha do jornal, argumentando que os colunistas do jornal tinham o direito de defender as suas opiniões, quer fossem adversas ou simpáticas às do próprio jornal.”
Mario Vargas Llosa escreveu diversas obras
Mario Vargas Llosa começou a escrever cedo, e seu primeiro romance foi La ciudad y los perros (1963). O livro, que conta a história de um grupo de cadetes em uma escola militar no Peru, foi premiado com o Prêmio Biblioteca Breve e o Prêmio da Crítica.
Desde então, Vargas Llosa publicou mais de 30 romances, ensaios, peças teatrais e livros de memórias. Sua obra é marcada por sua exploração de temas como a política, a história, a cultura e a identidade latino-americana.
Algumas de suas obras mais conhecidas incluem:
- La ciudad y los perros (1963);
- La casa verde (1966);
- Conversación en La Catedral (1969);
- La guerra del fin del mundo (1981);
- El hablador (1987);
- Lituma en los Andes (1993);
- Los cuadernos de Don Rigoberto (1997);
- El paraíso en la otra esquina (2003); e
- El sueño del celta (2010)
Vargas Llosa também foi um político ativo. Em 1990, ele foi candidato à presidência do Peru, mas foi derrotado por Alberto Fujimori.
Em 2010, Vargas Llosa recebeu o Prêmio Nobel de Literatura. O comitê do prêmio elogiou sua “obra inovadora, que com humor perspicaz e ímpar força pictórica retrata a vida nos limites da civilização e da barbárie”.