Facebook critica novas normas de privacidade da Apple
As mudanças na conduta de privacidade que estão sendo implementadas pela Apple já recebem críticas por parte de outra big tech. Com restrições no acesso e no compartilhamento de dados e informações dos usuários de smartphones da marca com os desenvolvedores por trás de aplicativos, o Facebook recentemente protestou.
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Ativa desde o fim do ano passado, a ação liderada pela Apple recebeu o nome de “rótulos de privacidade”. De acordo com o site Link, trata-se de requisitos para que um aplicativo possa seguir em exposição na App Store, loja virtual da companhia e que marca presença em aparelhos das linhas iPhone e iPad. Por meio dos rótulos de privacidade, os desenvolvedores devem informar, em “formato de fácil leitura”, quais dados serão coletados de quem fizer o download — e para quais finalidades eles serão usados.
Ainda em dezembro de 2020, o Facebook se manifestou. Investiu em campanhas e promoveu anúncios em jornais dos Estados Unidos, informa o portal UOL. Reconhecida do mundo do marketing por vender as informações dos próprios usuários para que empresas promovam posts patrocinados a determinado público-alvo, a companhia do bilionário Mark Zuckerberg alegou preocupação com pequenas empresas que usam a rede para divulgar determinado serviço ou produto. Seriam impedidas de chegar a potenciais clientes, afirma o Facebook.
Por meio do Facebook, é possível que uma empresa — grande ou pequena — realize uma divulgação partindo de informações como área de atuação, formação acadêmica, faixa etária e localização. Isso porque a rede social sabe onde seus usuários trabalham, onde e o que estudaram, a idade de cada um e em quais cidades moram. Nesse sentido, sinaliza receio de vir a não ter tamanha facilidade de compartilhar esses dados de clientes da Apple.
Os rótulos
Os rótulos de privacidade criados pela Apple e criticados pelo Facebook envolvem, sobretudo, três nichos de dados: rastreamento, vinculados ao usuário final e não vinculados ao usuário. A par disso, o site Link constatou, por exemplo, que no segmento de aplicativos de mensagens o WhatsApp (que pertence ao grupo Facebook) colhe mais dados pessoais do que o concorrente Signal. No caso do WhatsApp, a empresa informa: tem acesso aos nomes e aos conteúdos de um grupo.
Perda de mercado
A reclamação por parte do Facebook faz sentido (para os negócios da própria companhia). Em meio à implementação dos rótulos definidos pela Apple, o WhatsApp chegou a anunciar nova política de privacidade (com direito a compartilhamento sumário de dados dos usuários com a plataforma de rede social). Resultado: recebeu críticas, adiou a mudança e viu concorrentes diretos, como o Signal e o Telegram, aumentarem sua popularidade e aparecerem no topo de aplicativos mais baixados em janeiro.
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Colaborou Cristyan Costa