O ex-primeiro-ministro do Sri Lanka Ranil Wickremesinghe foi eleito pelo Parlamento nesta quarta-feira, 20, como o novo presidente do país. Wickremesinghe, 73 anos, estava no cargo interinamente desde que o ex-presidente Gotabaya Rajapaksa renunciou, em 14 de julho, depois de fugir para as Maldivas, em meio a uma grave crise econômica e política.
De acordo com os resultados oficiais, Wickremesinghe, que foi primeiro-ministro seis vezes, recebeu 134 votos, contra 82 de seu principal rival Dullas Alahapperuma e apenas três do esquerdista Anura Dissanayake. Enquanto estava no cargo interinamente, Wickremesinghe foi alvo dos protestos populares que derrubaram o governo e chegou a falar em renúncia.
Nesta quarta-feira, 20, ele discursou: “Agora, o tempo para nossas divisões acabou. Estou pronto para conversar com todos vocês”. No entanto, a eleição do novo presidente não deve acalmar os ânimos dos manifestantes tão cedo, que veem Wickremesinghe como um aliado de Rajapaksa e como a continuidade do antigo governo.
O mandato do novo presidente deve ir até 2024, e seus principais desafios serão a retomada das negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI), sobre um possível resgate financeiro, e a resistência popular a seu nome.
Na eleição no Parlamento, Wickremesinghe foi apoiado pelo partido do presidente deposto, o Sri Lanka Podujana Peramuna (SLPP). Sua candidatura, porém, irritou manifestantes, que pedem a sua demissão desde que assumiu o cargo de primeiro-ministro e ameaçaram protestos se aprovarem o escolhido.
“O país inteiro não queria que Ranil fosse eleito, porque ele é uma pessoa que foi rejeitada. Não chegou ao Parlamento graças ao voto dos cingaleses, mas porque Gotabaya Rajapaksa queria dar uma chance”, afirmou Mohamed Farook, um dos manifestantes do acampamento Galle Park em Colombo, principal local dos protestos.
O Sri Lanka sofre com a falta de medicamentos há meses, alimentos e combustível, causados em parte pelo grande endividamento, pandemia e políticas governamentais equivocadas, especialmente medidas na área ambiental e agrícola.
Leia mais sobre o assunto neste artigo de Rodrigo Constantino: A crise em Sri Lanka
Um parlamento eleito que já não está afinado com a população? Que estranho…