O presidente da Bielorrússia Alexander Lukashenko afirmou em uma entrevista à BBC que é “absolutamente possível” que suas forças tenham ajudado imigrantes ilegais do Oriente Médio a entrar na Polônia.
A afirmação acontece em um momento de escalada das tensões entre a União Europeia e a Bielorrússia devido à crise migratória. Os europeus acusam o governo bielorrusso de ter incentivado os imigrantes a se dirigirem à Bielorrússia prometendo uma entrada fácil no bloco europeu pela Polônia. Lukashenko é um grande aliado da Rússia, que também vem recebendo sanções dos países ocidentais.
A acusação é que ele tenha usado os imigrantes para causar o caos na fronteira europeia. Mas, Lukashenko disse à BBC que seu país não convidou os imigrantes para se dirigirem à Bielorrússia. Ele afirmou saber que os imigrantes não desejavam ficar em seu país, mas sim chegar à Alemanha. Disse ainda que não desejava que seu país fosse escolhido como rota.
A maioria dos imigrantes ilegais vêm do Afeganistão, recém retomado pelo Talibã, do Iraque e de outros países do Oriente Médio. Milhares deles foram impedidos de entrar na fronteira polonesa e passaram semanas acampados e expostos a temperaturas muito baixas.
Eles foram levados recentemente para abrigos na Bielorrússia. Muitos estão sendo repatriados para seus países, mas acredita-se que pelo menos 5.000 ainda estejam na Bielorrússia.
Lukashenko foi acusado por autoridades europeias de orquestrar a crise de imigração porque seu país sofreu sanções após forçar o pouso de um avião comercial em Minsk para prender um crítico do governo.
Agressões a manifestantes
A líder da oposição bielorrussa, Svetlana Tikhanovskaya, que teve que deixar o país criticou a BBC por dar voz a “um ditador”.
Lukashenko foi questionado pela emissora britânica sobre manifestantes bielorrussos presos em protestos terem sido vistos saindo de centros de detenção com hematomas e ferimentos. O presidente afirmou: “Ok, Ok, eu admito”. Mas disse que policiais também teriam sido feridos e ninguém deu atenção a isso.
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