A brasileira Silvana Pilipenko, que mora na Ucrânia, está sem dar notícias à família desde o dia 3 de março.
Silvana mora na cidade portuária de Mariupol com o marido ucraniano, Vassili Pilipenko, com quem é casada há 26 anos. O último contato feito com os parentes brasileiros foi no dia 2 de março, quando ela mandou um vídeo relatando a situação no país.
No vídeo, a paraibana disse que a cidade de Mariupol estava cercada e, por isso, não havia como sair de lá.
“A cidade está cercada pelas Forças Armadas, todas as saídas estão minadas, então é impossível tentar sair daqui nesse momento. Basicamente, Mariupol faz fronteira com a Rússia, o país atacante, então não podemos seguir nessa direção. Se fôssemos para outra direção, no sentido Polônia ou Hungria, teríamos que atravessar todo território, o que não seria viável, diante das circunstâncias e da distância”, explicou.
Ela também ressaltou que a comunicação poderia ser dificultada pela falta de energia elétrica.
“Ontem, a internet foi cortada, a energia também, então ficamos sem internet, sem energia, nossos celulares ficaram sem bateria, o computador também, o apartamento ficou sem aquecimento”, disse, no vídeo.
Apesar da dificuldade, Silvana conseguia se comunicar todos os dias até 3 de março. Ela chegou a ligar para a família e, depois, não fez mais nenhum contato.
Segundo Maria Beatriz, sobrinha da brasileira, a família acompanha grupos internacionais em busca de informações sobre bombardeios na rua em que ela estava, mas não conseguiu obter informações até o momento.
Os familiares também entraram em contato com a Embaixada do Brasil para pedir ajuda.
Mariupol, cidade portuária do Mar Negro, está sob cerco russo desde o dia 28 de fevereiro, sem fornecimento de água, energia e gás para aquecimento. Segundo entrevista do conselheiro presidencial Oleksiy Arestovych, em 14 de março, mais de 2,5 mil moradores da cidade foram mortos desde que a Rússia invadiu o país, em 24 de fevereiro.
Mariupol é composta principalmente por russos e gregos étnicos que se autodenominam “helenos”. Como os governos de Maidan são claramente fascistas e nacionalistas, as minorias étnicas na Ucrânia não têm vida fácil. Eles devem ser ucranianos à força, seus idiomas foram proibidos e uma lei racial divide os cidadãos ucranianos em três categorias étnicas com direitos diferentes em muitas áreas. A sede do Batalhão Nazista Azov, notório por seus crimes de guerra em Donbass, é em Mariupol. Era de se esperar, portanto, que os combates mais pesados ocorressem lá. Os combatentes do batalhão sabem que se caírem nas mãos dos russos, desaparecerão na prisão por muito tempo. Daí usarem as pessoas como escudos. Alina Lipp que reporta do Donbass, esteve há pucos dias a seis quilômetros de Mariupol. Ela conseguiu conversar com algumas pessoas que conseguiram driblar o tal batalhão. Essas pessoas contaram que ficaram duas semanas sem sair dos porões, o batalhão atira em civis. Quem tenta sair da cidade é baleado. Segundo os refugiados, há cadáveres nas ruas, inclusive de crianças. Os corpos não são recolhidos.