A Coreia do Norte anunciou nesta sexta-feira, 9, ter aprovado uma lei que autoriza o lançamento de ataques nucleares preventivos e, com isso, o programa de armas atômicas se torna “irreversível” no país. Por meio da imprensa oficial, o governo do ditador Kim Jong-un informou que a lei permite que a Coreia do Norte lance um ataque nuclear preventivo “automaticamente” sempre que “forças hostis” representares uma ameaça iminente.
Segundo a agência de notícias estatal KCNA, Jong-un disse que, com a autorização de ataque imediato, “o status de nosso país como um Estado com armas nucleares se torna irreversível”. A nova lei é aprovada em meio a crescentes tensões na península coreana, onde Pyongyang realizou uma série sem precedentes de testes de armas neste ano e culpou Seul pelo surto de covid-19 em seu território.
Em julho, o ditador afirmou que o país estava “preparado para mobilizar” as capacidades nucleares em uma eventual guerra contra Estados Unidos e Coreia do Sul. Além disso, ele reiterou que o país nunca vai prescindir das armas nucleares necessárias para contra-atacar a hostilidade dos EUA, que, segundo Jong-un, buscam o “colapso” de seu poder a qualquer momento.
“Não existe em absoluto a possibilidade de renunciar primeiro às armas nucleares. E não há desnuclearização nem negociação”, afirmou, durante um discurso, segundo a KCNA.
Para analistas, a nova lei demonstra a confiança de Jong-un no arsenal norte-coreano, que tem mísseis balísticos intercontinentais com capacidade de atingir o território dos Estados Unidos. A lei permite abertamente o uso do poder nuclear por parte de Pyongyang em caso de confronto militar, inclusive em resposta a ataques não atômicos.
Isso significa que o ditador encerrou qualquer eventual negociação para pôr fim ao programa nuclear. A Coreia do Sul já havia oferecido ajuda financeira para a vizinha se desarmar. A proposta foi recusada.
Analistas também acreditam que, para se afastar dos Estados Unidos, o líder norte-coreano também se aproximará da China e da Rússia.
Desde janeiro deste ano, a Coreia do Norte executou uma série de testes militares, incluindo o lançamento do primeiro míssil balístico intercontinental. Os Estados Unidos e a Coreia do Sul repetidamente alertam para o fato de que Kim Jong-un prepara mais um teste nuclear, que seria o sétimo. Os dois países também organizaram exercícios militares conjuntos ante a ameaça de Jong-un em agosto, os maiores desde 2018. Quase 28,5 mil soldados norte-americanos estão presentes na Coreia do Sul.