Ditadura da Nicarágua fecha rádios católicas e prende bispo

As autoridades acusam a igreja de ‘organizar grupos violentos’ para ‘desestabilizar o Estado’

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Daniel Ortega está à frente do país desde 2007
Daniel Ortega está à frente do país desde 2007 | Foto: Reprodução

A Nicarágua fechou sete emissoras de rádio católicas ligadas ao bispo Rolando Álvarez, forte crítico do ditador Daniel Ortega e membro da Conferência Episcopal da Nicarágua (CEN).

Há uma semana, Álvarez denunciou o fechamento de rádios religiosas. Ele exigiu que Ortega “respeitasse a liberdade de culto diante do assédio” que, segundo ele, a igreja católica sofre. O bispo acabou detido pelas forças de segurança, acusado de tentar desestabilizar o país.

Na quinta-feira 11, o bispo Álvarez disse que está bem de saúde, assim como as pessoas com ele na cúria. “Graças a Deus estamos bem de saúde, vivendo em comunidade”, afirmou em uma missa transmitida pelo Facebook. “Estamos nas mãos de Deus. Estamos vivendo a detenção como um retiro espiritual.’

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As autoridades da Nicarágua acusaram o padre de tentar “organizar grupos violentos” e incitar “a realizar atos de ódio com o objetivo de desestabilizar o Estado”, informou a polícia.

Relações conturbadas com a Igreja Católica

As relações entre a Igreja Católica e a ditadura de Ortega começaram a se deteriorar em 2018, quando vários templos abriram suas portas para abrigar manifestantes feridos durante os protestos contra o ditador.

O governo Ortega sustenta que essas manifestações fizeram parte de uma tentativa de golpe promovida pela oposição, com o apoio dos Estados Unidos e cumplicidade dos bispos.

Brasil repudia atos

Dias depois da denúncia do fechamento das rádios católicas, o Brasil repudiou a decisão e o “uso abusivo da violência policial contra líderes religiosos e fiéis”.

Em nota, o ministério de Relações Exteriores manifestou sua “grave preocupação” e instou o governo de Ortega a restabelecer “sem demora” o funcionamento das emissoras e “o pleno exercício da liberdade religiosa”.

“A medida constitui mais um severo golpe ao espaço cívico na Nicarágua e viola o direito à liberdade de religião ou crença, assim como à liberdade de opinião e de expressão”, comunicou o governo brasileiro em nota.

“O governo brasileiro defende o direito à liberdade de toda pessoa de escolher e praticar livremente sua religião”, finaliza o documento.

Repressão

A repressão do governo Ortega aos seus opositores se intensificou em 2021, com a proximidade das eleições presidenciais e não parou de escalar desde então.

A partir de 2020, novas leis foram aprovadas no país e têm levado à prisão ou à fuga de opositores. Além disso, o Tribunal Eleitoral foi dominado por juízes ligados ao partido Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN).

Leita também: “A Nicarágua entra no clube das ditaduras”, reportagem publicada na edição 86 da Revista Oeste

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10 comentários Ver comentários

  1. Temos um paralelo aqui no Brasil: as prisões de apoiadores de Bolsonaro a mando de Alexandre de Moraes, acusando-os de incitar a violência contra Ministros do STF e contra a democracia! Se o STF continuar nesse ritmo vamos ficar pior que a Nicarágua em breve!

  2. E o Papa? Calado… Pobre Igreja… Pobre dos católicos…
    Prestemos bem atenção ao que está acontecendo ao nosso redor. Dependendo do resultado das eleições de outubro, se o “nine” chegar ao Planalto podemos esperar daí para pior…

  3. É isso aí… e podem colocar o papa comunista, colega desse ditador aí, como co-autor dessa perseguição aos autênticos cristãos, se é que ainda existem.

  4. A CNBB não vai repudiar o fechamento das rádios católica nem a prisão do bispo, pois tbm foi aparelhada pela esquerda. Basta ver o que aconteceu aqui na época da pandemia, qtos bispos e padres assinaram carta contra o Bolsonaro e a favor desses ditadores? Eles tbm se fazem de desintendidos e associam Bolsonaro ao fascismo, e Lula a democracia. Pois bem Ortega é companheiro de Lula, mas não acredito que a CNBB não saiba.

  5. Os brasileiros acreditam que isso jamais vai acontecer aqui. Pois leiam esse texto : “Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu.
    Como não sou judeu, não me incomodei.
    No dia seguinte, vieram e levaram
    meu outro vizinho que era comunista.
    Como não sou comunista, não me incomodei.
    No terceiro dia vieram
    e levaram meu vizinho católico.
    Como não sou católico, não me incomodei.
    No quarto dia, vieram e me levaram;
    já não havia mais ninguém para reclamar…”

  6. Além da manifestação de repúdio do Governo Federal, espera-se que a CNBB faça também os devidos protestos, ou o seu silêncio significará o seu alinhamento à esquerda, fechando os olhos à Cristofobia só por que isso é uma tese do Bolsonaro.

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