Em sua coluna publicada na Edição 69 da Revista Oeste, Dagomir Marquezi cita uma fábula envolvendo Henry Bemis, um bancário de aparência frágil que usava óculos de grau numa pequena cidade dos Estados Unidos. No fim da década de 1950, ele só queria uma coisa no mundo: ler.
“Lia livros, jornais, revistas, rótulos, bulas de remédio, qualquer coisa que ele pudesse. Mas ler era difícil quando estava no guichê do banco. E era ainda mais difícil em casa, com a presença da infernal esposa Helen”, escreve Marquezi. Até que houve um problema.
Leia outro trecho:
“O bancário decidiu então passar seus intervalos do almoço no cofre-forte do banco. Trancava-se lá com lanche e leitura. Era seu único momento de paz. Numa dessas horas trancado, ocorreu uma guerra nuclear. Henry Bemis conseguiu sair do cofre e se deparou com as ruínas do apocalipse. Não havia mais ninguém, não havia mais nada. Mas descobriu que a coleção da biblioteca pública havia sido milagrosamente poupada.
Seu sonho havia sido realizado! Feliz da vida, Henry empilhou os livros que iria ler naquele ano, e nos anos subsequentes. Decide pegar mais um livro que estava desgarrado das pilhas. Seus óculos caem. E se espatifam no chão. ‘É injusto’, diz Bemis. ‘Agora que eu tinha todo o tempo do mundo…’
[…]
A trágica história de Henry Bemis serve como abertura do livro Through the Looking Glasses (Através dos Óculos), do escritor britânico Travis Elborough. Ele fala com carinho desse objeto que hoje é tão trivial que parece ter existido desde sempre. Além da utilidade, ele carrega uma simbologia. No rosto de quem o usa, pode remeter a inteligência. E também a fragilidade e envelhecimento. O autor lembra que o que separa Clark Kent do Super-Homem é um par de óculos.”
Revista Oeste
Além do artigo de Dagomir Marquezi, a Edição 69 da Revista Oeste traz reportagens especiais e textos de J. R. Guzzo, Augusto Nunes, Rodrigo Constantino, Guilherme Fiuza, Ana Paula Henkel, Evaristo de Miranda, entre outros.
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