O chefe da polícia de Hong Kong aconselhou as pessoas a não assistirem o documentário Revolution of Our Times (Revolução do Nosso Tempo), citando possíveis riscos legais. As autoridades reforçaram a censura para “salvaguardar a segurança nacional”.
Em entrevista ao jornal South China Morning, Raymond Siu disse que “aconselharia” as pessoas a não baixarem o filme se não tivessem certeza sobre os “riscos legais”, citando a Lei de Segurança Nacional.
O filme é um relato sobre os protestos pró-democracia que ocorreram em Hong Kong em 2019. No entanto, o documentário não foi disponibilizado na cidade, ficando restrito ao site de streaming Vimeo. Ele foi lançado internacionalmente em julho de 2021, no Festival de Cinema de Cannes, com aclamação da crítica.
Em entrevista à agência de notícias Reuters, o diretor do filme, Kiwi Chow, defendeu o longa-metragem como um registro histórico. “Que tipo de mundo é esse, se até assistir a um filme em casa é ilegal”, questionou.
Chow disse que considera o documentário seu trabalho mais importante, após uma luta de dois anos para que fosse produzido. “Os filmes podem registrar a história, mas também podem mudar a história. Eu insisti em lançá-lo agora para confrontar o ambiente político atual. Esse é o poder do filme”, disse Chow.
Para tentar contornar a censura, Chow vendeu os direitos autorais para uma produtora no exterior. Até esta sexta-feira, 10, o site Vimeo registrou mais de 80 mil visualizações.
Nas redes sociais, o ativista Nathan Law, que se descreve como exilado em Londres, escreveu: “Todos sabemos que a China intimidará qualquer plataforma que hospede o filme. Estamos aqui para combatê-lo, para demonstrar o poder das pessoas e apoiar uma obra de arte genuína que merece elogios”.