Quando se fala em chocolate, as versões suíças e belgas são as primeiras a virem à tona em questão de qualidade. Entretanto, há produtores que afirmam que o chocolate mais saboroso está em um lugar pouco conhecido e afastado: as ilhas de São Tomé e Príncipe.
Apesar de ser o segundo menor país da África, essa pequena nação de ilhas gêmeas já foi a maior produtora de chocolate há um pouco mais de cem anos. Agora, a fábrica de chocolate de Claudio Corallo procura retomar as antigas glórias dessas ilhas, segundo reportagem feita pelo site da emissora britânica BBC.
Localizada na cidade de São Tomé, capital de São Tomé e Príncipe, a fábrica do produtor agrônomo busca revitalizar o comércio de cacau, utilizando plantações históricas e o clima do país, favorável ao cultivo do fruto. Assim, segundo ele, torna-se possível criar produtos de chocolate orgânico.
Depois de experiência de 30 anos cultivando café, Corallo queria usar seus conhecimentos para criar um chocolate com alto teor de cacau que não fosse amargo. Ele encontrou os cacaueiros ideais na plantação do Terreiro Velho, na ilha menor e mais intocada de Príncipe — cerca de 130 km a nordeste de São Tomé. Desde então, ele passou a trabalhar para aperfeiçoar o processo da produção, desde a colheita até a torrefação dos grãos.
As origens das árvores que crescem na plantação do agrônomo, um italiano que vive há décadas em São Tomé e Príncipe, remontam a era de Brasil colônia, quando o rei de Portugal, dom João 6º, com temor de perder o Brasil como colônia portuguesa e também a receita oriunda do cacau, ordenou que fossem embarcados cacaueiros para a colônia portuguesa de São Tomé e Príncipe.
Por que o cacau das ilhas é diferenciado?
Atualmente, a floresta montanhosa do país africano é coberta por uma diversidade de árvores. Os cacaueiros jovens são “protegidos” pela sombra de bananeiras, enquanto os coqueiros agem como proteção para os cacaueiros mais velhos. Segundo a gerente da principal fábrica de chocolates em São Tomé e Príncipe, Lina Martins, tudo isso agrega no sabor final do produto. “O cacau é como o vinho. Se descansar um pouco entre as etapas, seu sabor é melhor.”
A preocupação principal é com a qualidade. Por isso, a empresa produz apenas 150 quilos de cada porcentagem de chocolate duas vezes por ano e espera até seis meses depois da fermentação dos grãos antes de torrá-los. O resultado é um doce orgânico e com sabor carregado, sem amargor.