A Lituânia anunciou que países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) vizinhos à Rússia decidiram criar um “muro de drones” para proteger suas fronteiras. A decisão surge depois de Moscou remover bóias de demarcação no Rio Narva e excluir um documento de um site oficial que estabelecia limites marítimos no Mar Báltico.
As tensões na região, banhada por um dos mares mais movimentados do mundo, aumentaram desde o início da invasão da Ucrânia pela Rússia, há mais de dois anos. Dos 32 membros da aliança militar ocidental, seis fazem fronteira com a Rússia: os três Estados bálticos (Lituânia, Letônia e Estônia), a Finlândia, a Noruega e a Polônia.
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“Trata-se de algo completamente novo, um muro de drones que se estende da Noruega à Polônia, com o objetivo de usar drones e outras tecnologias para proteger nossas fronteiras”, disse a ministra do Interior da Lituânia, Agne Bilotaite, à agência de notícias BNS. “O que nos permitiria proteger contra provocações de países hostis e impedir o contrabando.”
O projeto, com prazos não especificados, também inclui a implantação de sistemas antidrones para deter veículos aéreos não tripulados inimigos.
Otan se manifesta
A decisão foi anunciada depois que guardas de fronteira russos removeram mais de 20 boias no Rio Narva, uma via fluvial ao longo da divisa entre Estônia e Rússia, na quinta-feira 23. A ação foi vista como um ato de provocação pelos líderes da União Europeia.
“Esse incidente na fronteira faz parte de um padrão mais amplo de comportamento provocativo e ações híbridas da Rússia”, disse o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, em um comunicado nesta sexta-feira. “Tais ações são inaceitáveis. A União Europeia espera uma explicação da Rússia sobre a remoção das bóias e seu retorno imediato.”
Por sua vez, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, afirmou no Twitter/X que a aliança militar é “solidária com a aliada Estônia face a qualquer ameaça à sua soberania”.
As provocações da Rússia
A cada primavera, a Estônia e a Rússia instalam cerca de 250 boias no Rio Narva para marcar a divisa marítima e evitar que navios se desviem acidentalmente para as águas do outro país. É o que disse o oficial da guarda de fronteira da Estônia, Eerik Purgel, à mídia local. Como o leito do rio muda com o tempo, os dois países precisam revisar o canal navegável todos os anos.
“Desde 2023, a Rússia não concorda com as posições da Estônia, em relação à colocação das boias”, disse Purgel. “Decidimos instalar sinais flutuantes para a temporada de verão conforme o acordo de 2022, porque eles são necessários para evitar erros de navegação.”
A Estônia entra em cena
De acordo com a primeira-ministra da Estônia, Kaja Kallas, seu país ainda busca esclarecer a situação com a Rússia. O Ministério das Relações Exteriores convocou o encarregado de negócios russo para explicar o que definiu como um “incidente provocativo na fronteira”.
A Estônia fez parte da União Soviética durante meio século e, desde a sua independência, em 1991, as relações com Moscou têm sido difíceis. A situação se agravou depois que o pequeno Estado aderiu à UE e à Otan em 2004.
As tensões aumentaram dramaticamente em 2022, depois da invasão da Ucrânia pela Rússia, com a Estônia adotando um tom altamente crítico em relação a Moscou. Em fevereiro deste ano, o site do Ministério do Interior russo anunciou que o governo havia lançado um mandado de busca contra Kallas por “insultar a história” do país.