A Polônia informou neste sábado, 20, que o governo de Belarus (país europeu também conhecido como Bielorrússia e que não integra a União Europeia) mudou de tática na crise que ocorre na fronteira.
“Grupos menores de pessoas estão tentando cruzar a fronteira em muitos lugares”, disse o ministro da Defesa polonês, Mariusz Błaszczak. Ele acrescentou que “não há dúvida de que esses ataques são dirigidos por serviços bielorrussos”.
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Embora haja sinais de que a crise está diminuindo, o ministro disse esperar que a situação na fronteira persista: “Temos que nos preparar para o fato de que esse problema continuará por meses. Não tenho dúvidas de que esse será o caso”.
Os guardas de fronteira poloneses relataram novas tentativas de travessia por vários grupos compostos principalmente por dezenas de pessoas, embora houvesse uma multidão de 200 pessoas jogando pedras e usando gás lacrimogêneo.
Países ocidentais acusam Belarus de criar artificialmente a crise ao trazer pessoas — principalmente do Oriente Médio — e levá-las à fronteira com a promessa de uma passagem fácil para a União Europeia. O país nega e critica o bloco por não aceitar os imigrantes.
Ajuda a imigrantes
O presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, disse à BBC na sexta-feira 19 que é “absolutamente possível” que suas forças tenham ajudado as pessoas a entrar na UE, mas negaram ter orquestrado a operação.
“Somos eslavos. Nós temos corações. Nossas tropas sabem que os imigrantes estão indo para a Alemanha. Talvez alguém os tenha ajudado”, disse ele, que continuou: “Mas eu não os convidei aqui”.
Houve indicações nesta semana de que a crise estava diminuindo depois que várias centenas de pessoas foram repatriadas para o Iraque, enquanto outras 2 mil deixaram um acampamento improvisado na fronteira para um armazém próximo.
Muitas das pessoas que esperam chegar à UE gastam milhares de dólares para voar para Belarus com vistos de turista, com a esperança de cruzar a fronteira.
Conselho Europeu
Na sexta-feira, a comissária europeia de Direitos Humanos, Dunja Mijatović, chamou a situação humanitária ao longo da fronteira de “alarmante” e exigiu o fim do controverso retorno de imigrantes à Belarus.
“Eu pessoalmente tenho ouvido os relatos terríveis de extremo sofrimento de pessoas desesperadas que passaram semanas ou mesmo meses em condições precárias e extremas na floresta fria e úmida devido a essas resistências”, disse ela.
Segundo o jornal britânico The Guardian, mães polonesas planejaram uma manifestação pelos direitos dos imigrantes no sábado, na cidade oriental de Hajnówka.
A mídia polonesa noticiou que pelo menos 11 pessoas morreram desde o início da crise no verão. A Polônia realizou o enterro de um adolescente sírio que se afogou no rio Bug, na fronteira. Dois outros funerais estão planejados para o fim de semana.
Lukashenko
Alexander Lukashenko ocupa o poder em Belarus desde 1994, mas sua reeleição à Presidência, no ano passado, foi envolta em acusações de fraude e não foi reconhecida pela UE, que impôs sanções ao país leste-europeu.
Milhares de manifestantes e ativistas de oposição foram detidos por tropas do governo após protestos em massa.
A UE acusa Lukashenko — que é próximo ao presidente da Rússia, Vladimir Putin – de adotar uma “abordagem desumana e mafiosa” em sua liderança de Belarus.