O premiê polonês Mateusz Morawiecki acusou o presidente russo Vladimir Putin de arquitetar uma ação que levou cerca de 2.000 imigrantes ilegais a tentar entrar à força na União Europeia pela fronteira da Polônia com a Bielorrússia.
Atualmente os cerca de 2.000 refugiados do Oriente Médio e Ásia estão presos entre as fronteiras polonesa e bielorrussa em condições de temperatura congelante.
Morawiecki disse que o presidente bielorruso Alexandr Lukashenko operacionalizou a crise, mas seu mentor intelectual teria sido Putin. Lukashenko é um dos maiores aliados do mandatário russo.
Lukashenko nega ter estimulado os imigrantes ilegais a passar por seu país para chegar à União Europeia em retaliação a sanções impostas a Minsk em maio – quando um avião de passageiros foi desviado de sua rota e obrigado a pousar na Bielorrússia para que um opositor do governo fosse preso.
A fronteira polonesa vem sendo protegida por uma cerca de arame farpado e cerca de 12 mil militares. A maioria dos imigrantes são homens jovens, mas também há mulheres e crianças. Já há casos de mortes devido às baixas temperaturas.
Morawiecki disse à BBC que a situação é “um novo tipo de guerra no qual as pessoas são usadas como escudos humanos”. Segundo o premiê, os imigrantes teriam sido manipulados com o intuito de criar caos na Europa.
A União Europeia, a Otan (aliança militar ocidental) e os Estados Unidos também já afirmaram publicamente acreditar que a onda de imigração ilegal foi organizada pelo governo Bielorrusso. A Comissão Europeia afirmou que as pessoas receberam promessas de Lukashenko de que poderiam entrar facilmente na União Europeia. Agora o grupo está sendo impedido de retornar por tropas bielorrussas.
Países temem nova escalada militar na fronteira russa
A Polônia enviou uma grande quantidade de tropas para sua fronteira com a Bielorrússia e afirmou temer uma possível escalada “armada” na região.
Mais ao sul, na fronteira da Rússia com a Ucrânia, a empresa de inteligência Janes, com sede em Londres, detectou uma movimentação intensa de blindados em um cenário não relacionado diretamente aos imigrantes na Bielorrússia.
A empresa detectou a movimentação de todo um batalhão de tanques T-80U sendo direcionado por ferrovias para a região de Voronezh. A área fica relativamente próxima à parcela do território ucraniano dominada militarmente por milícias separatistas ligadas à Rússia.
Segundo um relatório da Janes divulgado pela agência Bloomberg, a movimentação dos blindados ocorreu durante a noite, em uma suposta tentativa de esconder o número real da tropa. Em abril, a Rússia causou preocupação mundial ao enviar temporariamente cerca de 100 mil tropas para a mesma região.
A Rússia negou qualquer ação hostil e disse que movimentações de tropas dentro de suas fronteiras são assuntos internos russos.
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