Voltou a circular nas redes sociais um vídeo em que a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, explica o significado do Natal para os cristãos. Na gravação, exibida pela primeira vez em 2022, a premiê aparece à frente de um pequeno presépio, montado em um dos cômodos de sua casa.
“Faço árvores de Natal maravilhosas, mas, neste ano, mudarei tudo: farei o presépio, quando ninguém mais o faz”, disse Meloni, ao lembrar que escolas europeias impedem a construção de presépios decorativos, que remetem ao nascimento de Jesus em Belém, na companhia de José e da Virgem Maria.
A decisão das escolas atende os anseios multiculturalistas das potências europeias, que acreditam que a manifestação da cultura cristã pode ofender adeptos de outras religiões.
“Não consigo entender e fico me perguntando: como um menino, nascido numa manjedoura, pode ofendê-los?”, indagou Meloni, ao ressaltar que o presépio é um dos símbolos da cultura cristã e da civilização ocidental. “Como uma família que foge para proteger esse menino pode te ofender?”
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Acusada pela imprensa tradicional de ser “extremista de direita”, Meloni afirma que foram justamente os valores cristãos que a ensinaram a respeitar a divergência de ideias.
“Acredito no Estado laico porque esse símbolo me ensinou”, disse a premiê, ao apontar para o presépio. “Acredito na sacralidade da vida porque este menino que está nascendo [Jesus] me ensinou. Acredito na solidariedade porque esse símbolo me ensinou. O que sou está nesse símbolo.”
Quem é Giorgia Meloni, a primeira-ministra da Itália
Durante um discurso político em Roma, em 2019, a futura primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, na época com 42 anos, ganhou destaque no país ao afirmar: “Sou mulher, sou mãe, sou italiana, sou cristã”.
A clara posição conservadora e as promessas de mudanças fizeram com que, três anos depois, a coalizão encabeçada pelo seu partido, o Irmãos da Itália (Fratelli d’Italia), fosse a grande vencedora das eleições parlamentares. Meloni será a primeira mulher a ocupar o cargo de premiê italiana.
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Ao assumir a terceira maior economia da União Europeia (UE), atrás apenas da Alemanha e da França, Meloni terá desafios enormes e, de maneira geral, muito parecidos com os enfrentados por toda a Europa: inflação alta, risco de recessão, escassez de energia e alta dos preços, crise demográfica, imigração em massa, desemprego, violência.
Parte dos problemas, especialmente a crise econômica, é reflexo das medidas restritivas adotadas pelos governos da UE para combater a pandemia de covid-19 e das sanções impostas à Rússia pela invasão da Ucrânia.
Considerada uma eurocética, a italiana deverá adotar um postura mais rígida e crítica em relação à UE, especialmente quanto a repasses e tentativas de alteração das leis de imigração. Um “Brexit” italiano, contudo, está fora de cogitação, uma vez que a Itália é um dos países fundadores do bloco.