A Câmara dos Estados Unidos (EUA) votou nesta sexta-feira, 1º, pela expulsão do deputado republicano, filho de brasileiros, George Santos, representante de Nova York. A decisão foi tomada após uma série de acusações, incluindo a conversão de doações de campanha para uso próprio.
Com essa votação, o deputado torna-se o sexto membro na história da Câmara norte-americana a ser expulso pelos colegas e o terceiro desde a Guerra Civil. A decisão exigia o apoio de dois terços para a cassação do mandato, e o placar final foi de 311 a 114 votos.
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As acusações contra George Santos
A Comissão de Ética da Câmara apresentou um relatório com 56 páginas. As acusações contra Santos, de 35 anos, foram além de corrupção. Investigações iniciadas em março deste ano, mostraram que o deputado novato teria mentido sobre ter ascendência judaica, sobre a carreira em importantes empresas de Wall Street e até sobre ter diploma universitário.
A acusação alega que ele teria roubado as identidades de doadores de campanha e usado seus cartões de crédito para fazer dezenas de milhares de dólares em cobranças não autorizadas.
Os procuradores federais, no entanto, afirmam que Santos se declarou inocente, transferiu parte do dinheiro para sua conta bancaria pessoal e usou o restante para inflar os cofres de sua campanha.
Santos alertou os colegas deputados de que se arrependeriam de remover um membro antes que ele tivesse passado pelo tribunal: “Isto os perseguirá no futuro”, afirmou, “em que meras alegações são suficientes para remover membros do cargo quando devidamente eleitos por seu povo em seus respectivos Estados e distritos.”
A posição dos republicanos durante a votação
Os líderes republicanos da Câmara, Steve Scalise e o presidente, Mike Johnson, estavam hesitantes em expulsar Santos e se opuseram à resolução.
Johnson liberou a bancada do partido a votar “de acordo com a sua consciência”, mas demonstrou preocupação com o precedente que poderia ser aberto.
Entendendo de forma contrária, o deputado republicano Anthony D´Esposito, também de Nova York e inimigo político mais fervoroso de Santos, votou a favor da expulsão do colega de partido: “Estou bastante confiante de que o povo norte-americano aplaudiria isso”, disse. “Espero que amanhã, nesta grande Câmara, estabeleçamos esse precedente.”
Durante o debate, considerando o relatório “demasiadamente exposto e conclusivo”, o deputado republicano Clay Higgins se disse incomodado: “A totalidade das circunstâncias parece tendenciosa”, afirmou. “Cheira a política, e eu me oponho a essa ação de todas as maneiras.”
Com a saída de Santos, o número de republicanos na Câmara passou a ser de 221 parlamentares. Os democratas, partido do presidente, Joe Biden, tem 213 assentos.
Santos liderou sua própria defesa na Câmara durante o debate no plenário antes da votação. O brasileiro também convocou uma coletiva de imprensa e uma série de entrevistas antes do resultado.
“Não ficarei em silêncio”, disse. “Os moradores do Terceiro Distrito de Nova York me colocaram aqui. Se eles querem que eu saia, terão que silenciar essas pessoas e enfrentar a difícil votação.”
Democratas se movimentam de olho na vaga de Santos
Os democratas veem na vaga de Santos uma oportunidade de aumentar a participação na Câmara. A lei de Nova York dá à governadora do Estado, Kathy Hochul, também do partido democrata, dez dias para anunciar uma eleição especial para preencher a vaga. A votação deverá acontecer no fim de fevereiro.
O ex-deputado Tom Suozzi, que deixou a Câmara para concorrer a governador, já lançou a candidatura na tentativa de recuperar o assento.
Vagabundo…!